Cicloviagem NorAm |São Paulo, Brasil – Alaska, EUA. 2019-20??

*artículo traducido al español

[POR]
Olá amigos e leitores,

Desde 23 de maio de 2019 estou pedalando pelo incrível México. É a realização do projeto América Latina, que consistiu em percorrer 25.000 KM desde São Paulo, Brasil até o México em uma simples bicicleta, conhecendo os povos latinos de nosso continente.

É grande a motivação que tenho em pedalar por todo o México e concluir este projeto em um livro com relatos e fotos inéditas. Devido as escolhas do caminho, decido continuar pedalando até o extremo norte de nosso continente: A última fronteira – Alaska, EUA, 25.000 KM mais adiante.

[ESP]
Hola amigos y lectores,

Desde 23 de mayo de 2019 estoy pedaleando por el increíble México. Es la realización del proyecto América Latina, que logró recorrer 25.000 KM desde Sao Paulo, Brasil hacia México en una simple bicicleta, conociendo los pueblos latinos de nuestro continente.

Es una gran satisfacción que tengo en pedalear por todo el México y concluir este proyecto en un libro con relatos y fotos inéditas. Debido a las sorpresas del camino decido continuar pedaleando hasta el Polo Norte de nuestro continente: La última frontera – Alaska, EEUU, 25.000 KM más adelante.

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[POR]
Desde Janeiro de 2019 comecei a documentar a viagem em vídeo, além dos relatos de viagem publicados este ano (17 e 18). Estou recebendo muito retorno dos seguidores através do YouTube, assim que investirei mais tempo e recursos na produção de vídeos e convido todos a inscrever-se no meu canal, compartilhar os episódios e comentar sua opinião!

Segue abaixo a lista de todos os vídeos até Novembro de 2019. Inscreva-se no canal e participe:

[ESP]
Desde Enero de 2019 empecé a documentar el viaje en videos, aparte de los diários de viaje publicados este año (17 y 18). Estoy recibindo mucho retorno de los seguidores desde el YouTube así que invertiré más tiempo y recursos en la producción de contenido por allá. Invito todos a suscribirse en mi canal, compartir y comentar sus opiniones!

Abajo sigue lista con todos los videos hasta Noviembre de 2019. Suscribe mi canal y participa:

[POR]
É isso aí pessoal, a cada novo vídeo vou compartilhar com vocês aqui também. Ajude a produção de novos conteúdos através de uma doação, e receba em casa um grande presente!

[ESP]
Eso es todo amigos! Cada nuevo video voy a compartir una nueva publicación. Ayude la producción de contenido através de una donación, y reciba en su casa una gran regalo!

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Cicloviagem LatAm | Trecho FINAL 18#: Ruínas Copan, Honduras – Bacalar, Quintana Roo, México

No dia 11 de abril de 2019 entro na Guatemala determinado a cruzar o país de leste à oeste pelas montanhas de mesoamérica – nome dado à região de assentamento indígena que compreende o oeste de Honduras e Salvador, toda Guatemala, e a parte sul e central do México.

Sinto o chamado dos vulcões, são 32 na Guatemala, e 3 em constante atividade. Já nos primeiros dois dias de viagem tenho a oportunidade de pedalar até o topo do vulcão Ipala, que tem sua cratera cheia de água potável. Uma incrível lagoa de água azul cristalina, a 1.500m.s.n.m. no topo de uma montanha cônica.

Entre as mesetas do leste, viajo rumo ao sudoeste em direção da Cidade Guatemala. É inegável o prazer de pedalar, por estas estradas eu viajava mais contente do que nunca, pois estava prestes a cumprir o sonho de chegar ao México pedalando. Faltam menos de 1.000 KM e eu me sentia alegre como no primeiro dia de viagem, há mais de 1.200 dias atrás.

Ao sair das estradas vicinais e entrar na Panamericana a viagem ficou bem estressante, devido à grande quantidade de carros, caminhões e lixo na estrada. Desde Honduras venho notando que todas as pessoas jogam qualquer resíduo desde a janela dos seus carros, fazendo da estrada um verdadeiro lixão. Aliado à falta de saneamento básico e coleta de lixo nos povoados, realmente era difícil encontrar um lugar pra descansar que não estivesse cheio de merda. Em alguns dias difíceis pedalei até a histórica cidade de Antigua Guatemala, em plena semana-santa.

É o feriado mais movimentado da cidade e cheguei sem nenhuma reserva em hotel, a sorte é que a corporação dos Bombeiros Voluntários da Guatemala é grande apoiadora do cicloturismo. Pude deixar a bicicleta em local seguro e dormir muito bem acomodado depois de apreciar as procissões entre dezenas de milhares de turistas.

Em 1543 os espanhois assentaram a capital da Guatemala nessa região, após fortes batalhas contra o senhorio Maya K’aqchikel’. Foi nessa cidade que se concentrava todo o poder e simbologia espanhola. Diversas entidades católicas e jesuítas estabeleceram sua base e representação de superioridade teológica, com suntuosas igrejas e uma cidade desenhada à maneira européia, com amplas praças em meio a lindas casas, mercados e igrejas.

Um grande terremoto em 1773 destruiu a cidade completamente, dessa maneira os espanhóis abandonaram a zona para reconstruir a capital em um local mais seguro, o Vale das Vacas, local onde hoje se encontra a capital de Guatemala.

Demonstrar o poder religioso e espiritual do catolicismo através da arquitetura e arte era fundamental, pois toda a zona de mesoamérica era consideravelmente bem povoada, onde habitavam diversas civilizações nativas desde 200d.C., que possuíam estrutura urbana com algumas capitais em rotas estratégicas. Talvez por isso que a Coroa investiu em reconstruir a cidade das cinzas, de maneira que mantivesse suas características anteriores, e renomeando-a Antigua Guatemala. Hoje em dia a cidade é patrimônio tombado pela UNESCO, e um dos destinos turísticos mais visitados da América Central.

Três meses pedalando 2.500km pela América Central me cansaram as pernas. Em San Andres de Itzapa cunha Maya nas montanhas de Chimaltenango fui acolhido na fábica de bicimáquinas Maya Pedal.

Em três semanas voluntariando pude participar em várias ações sociais na comunidade, como a instalação de filtros de água em duas casas – acesso à agua potável é um grande problema em toda América Central e sul do México.

Participei também da construção das bicimáquinas, que são ferramentas de trabalho para os camponeses – como liquidificador, moedores de grãos e até bomba-de-água. Maya Pedal promove o intercâmbio da comunidade com instituições estrangeiras através de cursos e atividades extra-curriculares para jovens, o que vejo como muito importante para um país onde as opções de desenvolvimento profissional são muito poucas.

As bicimáquinas são muito eficientes pois dispensam a energia elétrica e agilizam o trabalho no campo – bombear agua, descascar milho, amêndoas, moer café. Dessa maneira as pessoas tem uma melhor qualidade e vida e mais tempo livre.

Durante a estadia em Maya Pedal tive uma grata surpresa. Na segunda semana chegou à casa o cicloturista brasileiro Aurélio Magalhães. Como o Maya Pedal está cadastrado na plataforma de hospedagem solidária a ciclistas Warmshowers, muitos viajantes chegam para hospedarse uns dias e descansar as pernas.

Nos idos de 2015 eu acompanhava os relatos de viagem de Aurélio, que vem pedalando há mais de 5 anos por todos os continentes da Terra. foi fabuloso poder encontrálo pessoalmente, ainda mais pela localização: faltavam apenas 500km para cumprir a meta proposta de pedalar do Brasil ao México, e eu estava ali de frente com uma das pessoas que me inspirou a sair nessa longa jornada.

As terras de mesoamérica ainda hoje guardam muitos segredos, e sua geografia de mesetas com vulcões e lagunas despontando no horizonte e acidentando o terreno motivaram a Aurélio e eu a escalar o vulcão Acatenango, desde onde é possível admirar de perto o vizinho vulcão de Fogo cuspindo lava constantemente.

A subida de quase 2.000 metros de elevação em 7km foi duríssima. Carregados com 8 litros de água, comida, equipamentos de camping e abrigo cruzamos densos bosques literalmente nas nuvens e rumamos ao cume do Acatenango, com seus mais de 3.900 m.s.n.m.

Ao chegar no acampamento estávamos de frente com o vulcão de Fogo, aproveitamos a estrutura do Parque Nacional para instalarnos em uma laje e colher lenha, preparamos nossa fogueira e ficamos noite adentro admirando as explosões, que ocorrem em intervalos e intensidades irregulares.

É importante lembrar que desde a época da conquista espanhola se registram fortes explosões que cobraram a vida de milhares de pessoas. A última grande erupção ocorreu em 3 de junho de 2018, onde em 48 horas de explosões o vulcão matos quase 200 pessoas e desalojou cerca de 4000.

Maya Pedal significava a última parada antes de chegar ao México, para cumprir meu sonho de pedalar toda América Latina. Me despedi de Aurélio e determinado pedalei as altas montanhas de Chimaltenango rumo às serras de Quetzaltenango. Uma difícil pedalada, cerca de 500km com fortes subidas até 3.000 m.s.n.m.

Devo dizer que estava muito ansioso para chegar ao México. Entre lagos e vulcões sofri com o frio e a falta de recursos na zona. Os lugarenhos são gente muito simples, com poucos recursos e alguns nem sequer falam a língua espanhola. O país da Guatemala tem cerca de 20 línguas oficiais, isso devido à grande concentração de nativos de origem Maya. Povos que habitam estas montanhas há cerca de 2000 anos.

No último dos cinco dias pedalados, após percorrer cerca de 350km, contraí uma infecção alimentar, talvez devido a um brócolis que comi sem lavar corretamente. Foi tão sério o caso que tive de ser socorrido pelos bombeiros na estrada, 20km antes de chegar à cidade de Huehuetenango, que se localiza somente há 90km ao sul da fronteira com México.

Tive de conter minha ansiedade e descansar 7 dias na estação de Bombeiros Voluntários de Malacatancitos. Fiz exames no hospital e fui devidamente medicado. Durante minha estadia tive a oportunidade de conhecer Letícia, que coordena há mais de 10 anos um projeto de jovens incrível: o K’amalb’e.

K’amalb’e é uma associação de convivência integral para jovens inspirada na cosmovisão Maya, com intuito de abrir caminhos de transformação mediante a formação integral. Inspirando-se na mística da educação intercultural, fomentando a igualdade de oportunidades, valores e direitos humanos, estimula os jovens de 12 a 17 anos o saber e auto-conhecimento, promovendo a convivência na cultura da diversidade.

Pude contar um pouco de minha experiência em recorrer as terras de nossa América, em troca eles me mostraram seu estilo de vida. Os jovens de 12 a 17 anos são todos descendentes Maya K’iche’ da região e entram no programa através de bolsas, passando a viver na instituição por três anos.

Lá tem aulas sobre conhecimentos gerais, além de aulas em idioma kiche, onde estudam a história e os costumes de seus antepassados. Durante a tarde também participam de atividades comunitárias como manter a horta, alimentar os animais – galinhas e porcos -, além de administrar os resíduos orgânicos e recicláveis. Toda semana decidem o cardápio que eles próprios cozinham e mantém a limpeza da instituição.

Me pareceu um estupendo projeto pois desenvolve várias perícias em jovens, o que amplia suas capacidades de se desenvolver no mundo de hoje, sem se esquecer de sua incrível história e conhecimentos ancestrais.

Considero os Bombeiros Voluntários verdadeiros anjos. Me acolheram na estação por 7 dias, sempre que necessário me levavam para o hospital, tive todo o tratamento – exames, 21 pastilhas de Metronidazol e 7 injeções – fornecido gratuitamente e faziam questão de preparar-me comida todos estes dias, de maneira que recuperasse minha força.

Em um domingo me levaram a conhecer as ruínas da cidade de Zaculeu. Edificada no período Maya clássico (250 – 900 d.C.), era a capital da etnia Maya M’am’, as edificações albergavam a sede do governo, centros religiosos e morada da aristocracia. A zona estratégica foi ocupada até cerca de 1525, e posteriormente abandonada com a invasão espanhola.

O sítio só foi documentado em meados de 1850 por exploradores, porém as edificações estavam muito deterioradas pela ação do tempo. Por volta de 1950 a United Fruit Company – multinacional norteamericana – iniciou escavações no local onde se encontraram muitas cerâmicas e restos humanos. No mesmo período reformaram as edificações para a produção do filme “Tarzan e a Rebelião na Selva” (1967), convertendo o lugar em um set de filmagens. Hoje em dia as ruínas converteram-se em um parque próximo à cidade de Huehuetenango, e aos fins de semana os locais vão com suas famílias a divertir-se.

Com muito ânimo deixei a estação de Bombeiros Voluntários de Malacatancitos para pedalar os últimos 90km rumo ao país dos meus sonhos: México. Talvez por ironia do destino ou falta de atenção, mas nesse mesmo dia enquanto pedalava uma forte descida tomei um tombo ao passar em cima de um buraco.

Realmente incrível como esses últimos 100km pareceram intermináveis. Pela primeira vez em 3 anos e meio de viagem me acidento. Para minha sorte foram só uns ralados no braço e perna esquerdos, e com dificuldade segui pedalando rumo norte.

Já haviam amigos me esperando em Tuxtla Gutierrez, a capital do estado de Chiapas e em três dias completei os 200km que separam a fronteira La Mesilla da Casa de Ciclistas de Tuxtla Gutierrez. A chegada foi mais que especial, pude até mesmo reencontrar um amigo argentino que cruzei nos idos de 2017, quando pedalava no Peru. Roberto e Juan Antonio me acolheram e celebramos com um churrasco e boa cerveja mexicana.

No total foi um mês de descanso na Casa de Ciclistas, colaborei para o desenvolvimento desse projeto trabalhando na bicicletaria Rueda Libre e fazendo manutenção no bar La Biela, ambos estabelecimentos administrados por Roberto e Juan. Foi incrível viver novamente numa grande cidade, cheia de arte, cultura e serviços. Desde o país da Colômbia que não encontrava cidades bem estruturadas, com áreas de lazer, museus, musica ao vivo e principalmente um ativo movimento ciclístico. Durante minha estadia participei de vários eventos relacionados ao uso da bicicleta como meio de transporte e esporte. Aproveitei os arredores para desfrutar da estupenda natureza que tem o estado de Chiapas, considerado as Amazonas da América do Norte pelos seus caudalosos rios e grande biodiversidade.

Alegria e conquista são os sentimentos que tenho em meu coração. Pedalar por México na mesma bicicleta que me trouxe desde a casa dos meus pais, na zona oeste de São Paulo, há mais de 20.000km atrás, podia parecer tarefa impossível porém aqui estou realizando este sonho. Chego à conclusão de que com trabalho e determinação qualquer coisa pode ser realizada, basta estar disposto a adaptar-se as dificuldades e assim solucionar os problemas de maneira criativa.

A natureza de Chiapas é realmente incrível. A estrutura de uma grande nação onde habitam quase 130 milhões de pessoas e forte economia é notável. As estradas estão muito mais limpas, e se vê um maior cuidado com a reciclagem e manejo dos resíduos orgânicos. Em uma pedalada incrível de 3 dias através de vales vertiginosos e uma queda d’agua de 30 metros que surge de uma caverna de 4km de profundidade – El Chorreadero, que aflui do rio Escopetazo, este que se “esconde” baixo-terra para despontar nessa linda cachoeira – cheguei à cidade de San Cristobal de las Casas há mais de 2.000 m.s.n.m.

A cidade colonial de San Cristobal, fundada na primeira metade do século XVI foi fundamental para a expansão do cristianismo nessa zona da mesoamérica. Com diversas igrejas, a cidade Real recebeu diversas congregações européias, que usaram todo seu poder para converter os indígenas e adaptar seus costumes ao catolicismo. Hoje em dia pode-se observar um sicretismo único que mescla as tradições católicas com as Mayas. É importante lembrar que a cidade foi palco de sangrentas batalhas entre nativos e a coroa espanhola, pois os indígenas da região – os Chamulla – desenvolveram sua própria hierarquia eclesiástica, que confronta as visões políticas do clero católico. A última batalha ocorreu recentemente em 1994 e ainda nos dias de hoje o cheiro de sangue e clima de revolução ronda os Altos de Chiapas.

Chiapas é terra Zapatista, um movimento campesino inspirado nos ideais de Emiliano Zapata, que busca garantir direitos e qualidade de vida dos povos nativos que vivem da economia agrícola. Apesar de fazer parte do país México, os Zapatistas de Chiapas tem suas próprias leis. Estruturas governamentais e até mesmo escolas são administradas pelos próprios campesinos, e o cumprimento de suas normas e requerimentos frente ao governo do México é defendido à base de facão e pistola.

Nessa estrada que ruma de San Cristobal à Ocosingo dois cicloturistas europeus foram torturados e assassinados em junho 2018 durante um período que estavam havendo muitos protestos políticos, pouco se sabe sobre os culpados e os motivos que levaram a essa atrocidade, pouco se investigou também. Noto que aqui no México cada qual tem o seu lugar, melhor não fazer muitos questionamentos e aproveitar discretamente os encantos geográficos de Chiapas. Não tive medo de passar por esta zona pois nos dias de hoje há uma associação dedicada a ajudar os cicloviajantes que cruzam o México. A RACmx – Red de Apoyo al Cicloviajero en Mexico – é uma rede formada por voluntários dispostos apoiar os viajantes com hospedagem e até alimentação. Pessoas espalhadas por todo o país se comunicam através do grupo Whatsapp, o cicloviajante dá a conhecer sua localização e os voluntários da respectiva zona se prontificam em ajudar. Um movimento incrível que fomenta o desenvolvimento do ecoturismo e permite grande intercâmbio cultural.

É hora de despedir-se das montanhas, descidas fortes me levaram às ruínas de Toniná, uma Acrópolis estratégica localizada a 800 m.s.n.m. no coração da selva Lacandona. Com a pirâmide mais alta de todo México – 75 metros – a linda cidade em ruínas evidencia interesantes aspectos da visão de mundo Maya, muitas cerimônias de sacrifício humano foram documentadas pelos próprios Mayas, através de desenhos e inscrições. O objetivo era sempre agradar os deuses e garantir boa colheita de milho e cacau, plantas consideradas sagradas.

Foram centenas de quilômetros de descida, passando por caudalosos rios e inúmeras cachoeiras desfrutei dos últimos momentos de frescor nas montanhas. Ao chegar ao pé das montanhas de Chiapas, praticamente no nível do mar e sob o inclemente sol de 40c, dei a conhecer o portal Maya para a planice de Yucatan: as ruínas da cidade de Palenque.

Uma das maiores cidade Estado Maya localizada a 200 m.s.n.m. e antigamente conhecida como Lakam Ha’, que significa “O lugar das Grandes Aguas” foi construída estratégicamente entre dezenas de mananciais que brotam das montanhas, os Mayas canalizaram as vias fluviais em aquedutos extraordinários que tinham como função abastecer a metrópole com água potável e também desaguar o esgoto e dejetos de maneira efetiva e limpa.

Os templos de Palenque, considerados patrimônio da humanidade pela UNESCO, são considerados por muitos como um dos mais belos exemplares arquitetônicos do antigo mundo Maya. Muitas estruturas guardam artes originais em pedra esculpida, painéis e murais pintados. As inscrições hierográficas e registros da dinastia Pakal comprovam o grande conhecimento dos Mayas acerca da arquitetura e astronomia, além de conhecer o ciclo de 365 dias da Terra, sabiam da existência de outros planetas como Venus e Marte.

Muito feliz com o fim das montanhas, pedalo a todo o vapor pelas intermináveis retas da península de Yucatan que compreende os Estados de Yucatan, Quintana Roo e parte de Campeche. O calor nessa zona é fortíssimo, ainda mais por estarmos em pleno verão na América do Norte – Julho/Agosto de 2019 -, dessa maneira adaptei as horas de viajar: busco começar viagem com os primeiros raios de luz, entre 6h30 e 7h, e pedalo forte até as 11h. Após encontrar boa sombra descanso pelo menos durante 4 horas e volto a pedalar somente as 17h, até o fim do dia quando o sol vai escondendo-se atrás do horizonte.

Aproveito a grande estrutura rodoviária do México para escolher as estradas mais rurais, onde passam menos carros e muitas vezes tenho a sorte de cruzar com lindos rios e lagos de águas cristalinas, e assim me deleito em suas águas. Essa sensação e liberdade em meio à natureza faz todo o esforço valer a pena. Atravessando a Reserva Natural de Calakmul tenho a oportunidade de admirar todos os dias lindas aves silvestres, além de macacos, roedores e serpentes. Um dia fui surpreendido por um jacaré em um lago!

Adentrando estado de Quintana Roo já noto a diferença: estamos na América do Norte, terra de maravilhosos encantos e surpreendentes possibilidades. A primeira parada é o lago Bacalar, nome derivado da expressão Maya “San Ka’an Bakhalal”, que quer dizer “lugar onde nasce o céu”. Dentro das profundidades do lago de Bacalar existem três diferentes cenotes consistindo em uma caverna subterrânea circular, que pelo alto fluxo de água se transborda e da origem a este lago de 42km de extensão e 4km de largura. A origem de suas águas com enxofre e solo rico em cálcio é o que concede os sete tons de azul que se pode admirar durante as diferentes horas do dia.

Extremamente turístico e com estruturas internacionais para atender os gostos mais requintados do turista extrangeiro assim é o Estado de Quintana Roo. Os preços de hospedagem e alimentação são bem mais altos que em outras zonas do Mexico, apesar dos salários continuarem baixos como de costume em toda América Latina, há muita oferta de emprego e pessoas do mundo todo – principalmente de outros países mais pobres ou em crise, e zonas pobres de México – vem a estas paragens para trabalhar e atender turistas mexicanos e estrangeiros.

Com muito orgulho e satisfação que dou por encerrada a “Expedição América Latina”. Foram 3 anos e meio de muitos desafios enfrentados, grandes aprendizagens e novos amigos. Devido a toda ajuda que os povos latinos me prestaram em meu passo por oito Estados do Brasil e 13 países é que pude chegar aqui. Não posso estar mais agradecido, e é por isso que decido continuar pelas estradas do Norte, e atingir o extremo norte do continente americano. Seguirei pedalando por México, Estados Unidos e Canadá para conhecer as latitudes polares do Alaska, agora sob novo nome de “Expedição Norte América”. Obrigado a todos os amigos e leitores que sempre acompanharam os relatos e incentivam esta viagem, de maneira econômica e motivacional. Fiquem ligados no blog, canal de YouTube e redes sociais, a documentação de nossa América vai continuar cada vez melhor.

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Cicloviagem LatAm | Trecho 17#: Cidade Panamá, Panamá – Ruínas Copan, Honduras

*Artículo traducido al español [ESP]

[POR]
28 de janeiro de 2019 foi o dia que voltei a viajar em bicicleta, depois de mais de 6 meses longe dessa rotina – três no Panamá e três na casa dos meus pais em São Paulo, Brasil. Essa viagem arrancou, assim como há 3 anos atrás, com muita ansiedade e alto tráfego de carros.

Depois das 7 horas de vôo (GRU/Brasil – PTY/Panamá), desembarquei no aeroporto de Tocumen – 20km ao sul da cidade do Panamá – às 6h da manhã. Levei cerca de quatro horas para montar a bicicleta com todas as maletas, de forma que fui sair a pedalar somente as 11h da manhã, no insuportável sol tropical que abunda esta zona costeira.

Nesse ano comecei a produzir vídeos também, de maneira a trazer mais conteúdo aos amigos e leitores. Não deixem de entrar no YOUTUBE e inscrever-se no meu canal. Os vídeos são publicados a cada duas semanas e trazem toda uma nova perspectiva sobre duas rodas, onde evidencio o estilo de vida, rotinas e surpresas do caminho.

[ESP]

28 de enero de 2019 fue el día que volví a viajar en bicicleta, trás más de 6 meses lejos de esta rutina – tres en el Panamá y tres el la casa de mis padres en Sao Paulo, Brasil. Este viaje arranco, así como hace 3 años, con mucha ansiedad y alto trafego de carros.

Después de 7 horas de vuelo (GRU/Brasil – PTY/Panamá), desembarqué en el aeropuerto de Tocumen – 20km al sur de la Ciudad Panamá – a las 6h en la mañana. Llevé cerca de cuatro horas para ensamblar la bici con sus maletas, y empecé el pedaleo solo a las 11h, sob el inclemente sol tropical de esta zona.

Este año comencé a hacer videos también, de manera a traer más contenido a los amigos y lectores. No deje de suscribirse al canal YOUTUBE, los videos son publicados cada dos semanas y traen una nueva perspectiva sobre dos ruedas, donde muestro el estilo de vida, rutinas y sorpresas del camino.

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[POR]
A saída da Cidade do Panamá foi um verdadeiro parto. Acho que as 4 milhões de pessoas que vivem no país tem pelo menos uns dois carros cada. É impressionante o tráfego agressivo de carros na cidade, praticamente impossível circular em bicicleta. Se não fosse meu espelho retrovisor, certamente não estaria escrevendo este relato hoje.

Meu regresso ao Panamá reafirmou minhas impressões de que este é o melhor país em questão de trabalho de toda América Latina. A moeda que corre é o dólar e o custo de vida não é muito alto, comparado com os ganhos do trabalhador. Grandes centros comerciais ao longo da estrada, próximos a cidades grandes, oferecem os melhores produtos tecnológicos à um preço razoável – o país cobra 7% de imposto sobre importações.

A viagem entretanto, não foi muito prazerosa. Meu destino, a Costa Rica, somente é acessível através da estrada Panamericana, já que não há estradas secundárias ou vicinais que rumam à única fronteira rodoviária deste país. O altíssimo tráfego de carros e caminhões foi a trilha sonora, e meu couro sofreu com o sol forte, já que na highway há pouca sombra, e eu dependia dos pontos de ônibus para descansar, muitas vezes com aquele teto de plástico que passa todo o calor do sol. A parte boa foi o ótimo apoio dos Bombeiros de Panamá, que em quase todas as cidades estão presentes e oferecem um lugar seguro, duchas, wifi e até cozinha para os viajantes de bicicleta. No Paso Canoas, deixei a terra dos carros rumo a paragens mais tranquilas ao lado do mar.

[ESP]
La salida de la Ciudad de Panamá fue un verdadero infierno. Creo que los 4 millones de personas que viven en el país tienen dos carros cada. Es impresionante el tráfego agressivo de carros en la ciudad, practicamente imposible circular en bicicleta. Si no fuera mi espejo retrovisor, ciertamente no estaria escribiendo este diário hoy.

Mi regreso al Panamá reafirmó mis impresiones de que este es el mejor país en cuestión de trabajo de toda America Latina. La moneda es el dólar y el costo de vida no es muy alto, comparado al sueldo del trabajador. Grandes centros comerciales al largo de la carretera, cerca de grandes ciudades, ofrecen los mejores productos tecnológicos a un precio razonable – el país cobra 7% de impuesto sobre importaciones.

El viaje todavía, no fue muy placentero. Solo se llega a Costa Rica desde la carretera Panamericana, ya que no hay carreteras vecinales que rumbean a la única frontera rodoviária del país. El alto tráfego de carros y buses fue la trilla sonora, y mi cuero sufrió con el sol, pues en la Panamericana hay poca sombra y yo dependía de las paradas de bus para descansar, muchas veces con aquel techo de plástico que no impide el calor del sol pasar. La buena nota fue el apoyo de los Bomberos del Panamá, que en casi todas las ciudades están presentes y ofrecen un lugar seguro, duchas, wifi y hasta cocina para los viajeros en bicicleta. En el Paso Canoas, dejé la tierra de los carros rumbo a parajes más tranquilos cerca del mar.

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[POR]
Seguindo o litoral do oceano Pacífico, a pedalada por Costa Rica foi muito mais tranquila. Pude descansar à sombra de árvores, admirar belas paisagens e observar a vida silvestre. Sem dúvida o que mais me chamou atenção foram os costarriquenhos – ou ticos, como se autodenominam. Pessoas muito amáveis em todo o país me convidaram para dormir dentro de suas casas, deram comida, e principalmente ofereceram sua amizade da maneira mais sincera possível. A verdadeira tradução da expressão “pura vida”!

O país é caríssimo, talvez o mais caro de toda América, e apesar da língua oficial ser o espanhol, o que eu mais via eram anúncios de venda e aluguel de casas em inglês. A população rural vive de maneira muito simples, enquanto nos povoados turísticos se pode observar grandes estruturas, a maioria de grandes redes hoteleiras e de serviços. Fiquei muito triste quando rumei à conhecer a península do Papagayo, no litoral norte do país, e ao chegar lá depois de dezenas de quilômetros pedalados, descobri que só se pode acessar a região se ficar hospedado no Hard Rock ou Clarion, ambos resorts “all-inclusive”.

Nas duas semanas que passei viajando o país fiz muitas amizades e levei uma vida extremamente simples, já que até pra tomar uma coca-cola no mercado é necessário desembolsar 2 dólares. A parte que mais desfrutei foi a península de Nicoya, pois é uma região relativamente vazia de turistas e tem muitas áreas livres para acampar, admirando as melhores vistas do oceano Pacífico.

[ESP]
Siguiendo el litoral del océano Pacífico, el pedaleo por Costa Rica fue mucho más tranquilo. Pudo descansar à sombra de árboles, admirar bellos paisajes y observar la vida silvestre. Sin duda lo que más me marcó fueron los costarriqueños – o ticos, como les gusta llamar. Personas muy amables en todo el país me invitaron a sus casa, dieron comida y principalmente ofrecieron su amistad de la manera más sincera posible. La genuina traducción de la expresión “pura vida”!

El país es muy caro, talvez el más costoso de toda America, y mismo que la lengua oficial sea el español, lo que más veía eran carteles de venta y alquiler de casas en inglés. La población rural vive de manera muy sencilla, mientras tanto los poblados turísticos se puede observar grandes estructuras, redes hoteleras y de servicios. Quedé muy triste cuando fue a la península del Papagayo, en la costa norte de Costa Rica, y al llegar tras decenas de kilómetros pedaleados, descubrí que solo se puede acceder a la región se uno se hospeda en el Hard Rock o Clarion, resorts “all-inclusive”.

En las dos semanas que pasé viajando el país hice muchas amistades y llevé una vida extremadamente sencilla, ya que hasta para se echar una coca-cola hay que pagar casi 2 dólares. La zona que más disfruté fue la península de  Nicoya, pues es una región relativamente vacía de turistas y tiene muchas áreas libres para acampar, mirando los mejores paisajes del océano Pacífico. 

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[POR]
As notícias que saem nos jornais não apresentam um bom panorama de Nicarágua e Honduras. Confesso que senti medo, ainda antes de entrar em Nicarágua, sobre como seria a viagem por estas terras. No mesmo dia que cruzei a fronteira de Peñas Blancas, deixando os ticos, já mudei de opinião.

20km pedalados e cheguei na praia de San Juan del Sur (mar Pacífico), o povoado me pareceu muito simpático e econômico, razão pela qual decidi pagar uma hospedagem e descansar por uns dias. Foi uma maravilhosa decisão, no hostel conheci um amigo espanhol, e em troca de eu tomarle fotografias de surf, ele me emprestou sua prancha para eu surfar também. Uma grande alegria, visto que gosto muito do esporte. Descansei três dias e peguei umas valinhas nessa que é uma das melhores zonas para surfar de toda América, devido ao constante vento terral que sopra pelo menos 300 dias por ano.

[ESP]
Los periódicos no presentan un buen panorama de Nicaragua y Honduras. Debo decir que sentí miedo, aún antes de ingressar en Nicaragua, acerca de cómo sería el viaje por estas tierras. El el mismo día que crucé la frontera de Peñas Blancas, dejando los ticos, cambié de opinión.

20km pedaleados y llegué a la playa de San Juan del Sur (mar Pacífico), el pueblo me pareció muy simpático y económico, por lo que decidí pagar un hospedaje y descansar unos días. Fue maravillosa decisión, en el hostel conocí a un amigo español, y en cambio de hacerle unas fotos de surf, me prestó su tabla para surfear también. Una gran alegría, visto que me gusta mucho este deporte. Descansé tres días y agarré unas olas en esta que és una de las mejores zonas para surfear en toda America, debido a constante viento off-shore que sopla por lo menos 300 días al año.

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[POR]
Ainda no sul da Nicarágua, tomei uma balsa para conhecer a Ilha de Ometepe, de origem vulcânica situada no maior lago da América Central, o Cocibolca. A ilha tem o formato de um “8”, onde se situam 2 vulcões, com seus mais de 1600m.s.n.m. O vulcão Concepción está ativo, de maneira que se pode ver a fumarola saindo de seu cume. O clima da ilha é bem peculiar, e devido a lava que derramou há alguns milhares de anos, o solo é bem fértil o que propicia o desenvolvimento da agricultura nessa região. Rios cristalinos e as praias de água doce dão o toque paradisíaco desta ilha.

De volta ao continente fui à Granada, às margens do lago Cocibolca. é uma das mais antigas cidades da América colonial. Fundada em 1524 foi um dos maiores portos do período espanhol, pois naquela época era possível navegar através do Lago Cocibolca para o rio San Juan e desembocar no mar Caribe, transportando produtos como café, cacau, tabaco, ouro, e muitos outros. No século 17 sofreu ataques de piratas ingleses, e após um terremoto que alterou o curso do rio San Juan, a cidade portuária viu o seu declínio. Hoje em dia está apinhada de turistas que recorrem suas lindas ruas de estilo colonial, é considerada uma das quatro cidades mais importantes de Nicarágua.

[ESP]
Aún en el sur de Nicaragua, tomé una balsa para conocer la isla Ometepe, de origen volcánica situada en el más grande lago de centro-america, el Cocibolca. La isla tiene el formato de un “8”, donde sitúan dos volcanes con sus más de 1600m.s.n.m. El volcán Concepción esta activo y se puede mirar el humo que sale de su cumbre. EL clima de la isla es muy peculiar, y debido al lava que derramó hace unos millares de años, el suelo es muy fértil y bueno para la agricultura. Rios cristalinos y las playas de agua dulce hacen este lugar un paraíso.

De vuelta al continente me fue a Granada, a la orilla del lago Cocibolca. Es una de las más antiguas ciudades de America colonial. Fundada en 1524 fue uno de los más grandes puertos del período hispano, pues en aquel tiempo era posible navegar a través del lago Cocibolca hacia el río San Juan y de ahí al mar Atlántico, transportando productos como café, cacao, tabaco oro y muchos otros. En el siglo 17 sufrió ataques de piratas ingleses, y después de un temblor que alteró el curso del río San Juan, la ciudad portuária declinó. Hoy en día está llena de turistas que recorren sus lindas calles de estilo colonial, es considerada una de las cuatro ciudades más importantes de Nicaragua.

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[POR]
Pedalando em Nicarágua eu me sentia muito confortável, há muitos ciclistas nas ruas. Talvez pelo baixo poder aquisitivo da população, muita gente prefere a bike para transportar mercadorias e pessoas nos centros urbanos.

Segui meu caminho pelos montes cruzando vulcões, lagos e montanhas rumo às Honduras. No norte de Nica conheci a indústria do tabaco, que exporta mais de 50 mil charutos de alta qualidade diariamente para Miami, Flórida, EUA. Em todo o percurso notei um povo muito amável e cidades muito bem conservadas. Nicarágua hoje vive uma ditadura onde Ortega, o presidente e líder da Frente Sandinista, maneja o país com mão-de-ferro. Recentemente o governo abafou um levante popular com muitas mortes e prisões, o que culminou uma série de greves no ano passado. Como turista não notei nenhuma dificuldade em mover-me com segurança e fiz meu passo tranquilamente.

[ESP]
Pedaleando por Nicaragua yo estaba muy confortable, hay muchos ciclistas en las calles. Talvez por la poca condición de la población, mucha gente prefiere la bici para transportar mercaderías y personas en los centros urbanos.

Seguí mi camino por los montes cruzando volcanes, lagos y cerros rumbo las Honduras. En el norte de Nica conocí la industria del tabaco, que exporta más de 50 mil puros de alta calidad diariamente para Miami, Flórida, EUA. En todo el percurso noté una gente muy amable y ciudades muy bien conservadas. Nicaragua vive hoy una dictadura donde Ortega, el presidente y líder de la Frente Sandinista, maneja el país con manos de hierro. Recientemente el gobierno sofocó un levante popular con muchas muertes y encarcelamientos, lo que culminó una serie de paros el año pasado. Como turista no noté ninguna dificultad en moverse con seguridad y hice mi paso tranquilamente.

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[POR]
Através de um passo montanhoso, a fronteira de Las Manos, entrei no sul de Honduras, província de El Paraíso. Logo após uma calorosa recepção dos bombeiros da cidade de Danli seguí meu pedal rumo ao Caribe hondurenho: as lindas praias de La Ceiba, às margens do oceano Atlântico.

Mais uma vez fui surpreendido positivamente, as Honduras que as pessoas me diziam tão perigosa e cheia de criminosos não posso comentar, pois em todos os lugares que parei fiz amigos, fui acolhido e muitas pessoas me davam presentes como comida ou dinheiro. Em alguns restaurantes, no sul do país, não me deixavam pagar a conta, pois queriam aportar a minha jornada. Confesso que cheguei a chorar de emoção ao sair de um povoado, pois entrei lá para comprar alguns suprimentos, entretanto as pessoas me presentearam tudo que necessitava, e ainda me deram uns trocados. Me senti muito honrado.

[ESP]
Desde un paso de montanã, la frontera Las Manos, entré en el sur de Honduras, província El Paraíso. Luego de una calurosa recepción por parte de los Bomberos de Danlí, seguí pedaleo rumbo al Caribe hondureño: las lindas playas de La Ceiba, a orilla del océano Atlántico.

Una vez más fue sorprendido positivamente, las Honduras que las personas me decían tan peligrosa y llena de criminales no puedo comentar, pues en todos los lugares que quedé hice amigos, fue acogido y muchas personas me regalaban comida o dinero. En algunos restaurantes, en el sur del país, no me dejaron pagar por el plato, pues querían aportar a mi viaje. Lloré de emoción al salir de un pueblo, pues entré allá para comprar algunos suprimentos, todavía las personas me regalaron todo que necesitaba, y aún me dieron dinero. Me sentí muy honrado.

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[POR]
Sempre com o apoio dos bombeiros nos grandes povoados, fiz meu caminho por estradas de terra nas íngremes montanhas. Nessas regiões isoladas conheci um pouco da realidade que vive o povo hondurenho: muitos vivem acampados em toldos de plástico ou madeira sem saneamento básico, acesso à água, coleta de lixo e escolas sucateadas. Não é atoa que a única opção para muitos é tentar a sorte em outros países, pois não há muito trabalho aqui. Notei que as pessoas que tem uma condição melhor, nessas regiões, tem parentes vivendo nos EUA. A viagem de Honduras aos EUA é relativamente fácil pois pode ser feita toda por vias rodoviárias, em cerca de 20 dias. Contaram-me que se pode contratar o “Coyote” daqui mesmo, e por 5 ou 7 mil dólares se encarregam de resolver todos os “trâmites burocráticos” nas fronteiras, arranjar transporte e acomodação no caminho.

Algo que me incomodou um pouco é o fato de que muitas pessoas andam armadas. É comum ver civis com sua pistola na cintura, bem como militares e seguranças particulares fortemente armados. Em todos postos de gasolina, caminhões de carga e estabelecimentos comerciais na estrada há um funcionário dedicado a defender a propriedade privada com sua vida. Este clima bélico aliado à moda vaqueira que dita as vestimentas no povoados rurais, fez sentir-me no velho-oeste. Sempre de olho no movimento, fiz meu caminho até o mar Caribe.

[ESP]
Siempre con el apoyo de los Bomberos en las ciudades, hice mi camino por carreteras de tierra en las trepadas y cerros, En esta región aisladas conocí un poco de la realidad que vive el pueblo hondureño: muchos viven acampados en carpas de plástico o madera sin saneamento básico, acceso al agua, coleta de basura y escuelas de calidad. Talvez por eso que muchos hondureños se van a otros países buscar trabajo, pues no hay mucho por aquí. Noté que las personas que tienen una mejor condición, en estas zonas, tienen parientes que viven en los EUA. El viaje de Honduras hasta EUA es fácil pues se puede hacer todo por carreteras, en unos 20 días. Contaron a mi que se puede contratar el “Coyote” desde aquí mismo, y por 5 o 7 mil dólares se encargan arreglar todos los “trámites” en las fronteras, transporte y acomodación en el camino.

Algo que me molestó es que muchas personas andan armadas. Es común ver civiles con su pistola, también militares y seguridad privada con armas pesadas. En todas gasolineras, camiones de carga y viviendas comerciales en la carretera tienen un empleado dedicado a defender la propiedad con su vida. Este clima bélico aliado a la moda cowboy de los pueblos rurales, hizo sentirme en el “wild-west”. Siempre atento, hice mi camino hacia el mar Caribe.

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[POR]
O propósito dessa viagem ao oceano Atlântico era muito mais que pegar um bronze na praia. Em julho de 2018 fiz grandes amigos hondurenhos durante minha estadía no Panamá. Damian, que já está vivendo em Honduras desde dezembro, me convidou para passar uns dias de descanso junto à sua família. Foi incrível compartilhar um pouco de seu cotidiano, pescamos e aproveitamos a linda praia de Granadita com Belkis, sua esposa, e seus filhos Isaac, Sofia e Dariela.

Há dois meses sem ver chuva, fui recebido no caribe com uma senhora pancada que durou toda a noite. As montanhas que estive atravessando em meu caminho do oceano Pacífico ao Atlântico retém todas as nuvens que vem de oeste entre os meses de dezembro à maio. É por isso que o lado Pacífico do continente centro-americano é semi-árido e muito seco nessa época do ano. Já no lado Atlântico muito verde, rios cristalinos que brotam das várias montanhas que ornam o litoral e a chuva ocasional faz a região espetacular em suas condições.

[ESP]
El propósito deste viaje hacia al océano Atlántico era mucho más que agarrar un bronce en la playa. En Julio de 2018 hice grandes amigos hondureños durante mi estancia en el Panamá, Damian ,que ya está viviendo en Honduras desde diciembre, me convidó para estar unos días de descanso junto à su família. Fue increíble compartir un poco de su rutina, pescamos y aprovechamos la linda playa de Granadita con Belkis, su esposa, y sus hijos Isaac, Sofia y Dariela.

Dos meses sin ver lluvia, el Caribe me recibió con una tempestade que tardó toda la noche. Los cerros que estuve cruzando en mi camino del océano Pacífico hacia el Atlántico retienen todas las nubes que vienen de oeste entre los meses de Diciembre a Mayo. Es por eso que el lado Pacífico del continente centroamericano es árido y muy seco en esta época del año. Ya en el lado Atlántico mucho verde, grandes árboles, ríos cristalinos que salen de los cerros que ornan la linda costa del Caribe hacen espectaculares las condiciones.

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[POR]
Depois do descanso mais longo deste trecho – 6 dias – amarrei meus pertences na bicicleta e determinado pedalei pela linda Atlantida, província de árvores altas, rios caudalosos e limpos e geografia plana. Toca voltar às montanhas, para cruzar à Guatemala e conhecer o legado deixado pela civilização Maia.

A situação sócio-econômica de Honduras se vê deprimente, apesar de ser um país tão lindo e rico em recursos naturais, a falta de saneamento básico e coleta de lixo está destruindo o país. Novamente testemunhei muitas pessoas vivendo em favelas de lata e lona, vivendo ao lado de montanhas de lixo. Na região periférica de San Pedro Sula os rios estão podres, e era difícil até achar um lugar para descansar, pois todas as paragens estavam cheias de lixo e esgoto. Fiz meu passo acelerado sempre contando com o apoio do povo hondurenho.

[ESP]
Después del descanso más largo deste tramo – 6 días – amarré mis mochilas en la bicicleta y determinado pedaleé por la linda Atlantida, província de grandes árboles, rios caudalosos y limpios y geografía plana. Toca volver a los cerros para cruzar à Guatemala y conocer el legado que dejó la civilización Maya.

La situación socio-económica de Honduras se ve muy mal, apesar de ser un pais tan lindo y rico en recursos naturales, la falta de saneamento básico y coleta de basura está destruyendo el país. Novamente encontré muchas personas viviendo en situación bajíssima, cerca de montes de basura. En las periferias de San Pedro Sula los ríos están podres, y hasta para descansar es difícil pues todos los parajes estaban llenos de basura y esgoto. Hice mi paso acelerado contando siempre con el apoyo del pueblo hondureño.

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[POR]
O objetivo dessa pedalada foi alcançar o ocidente hondurenho e conhecer as ruínas de Copán. Patrimônio mundial da UNESCO, uma cidade construída e ocupada pelos Maias por mais de 2000 anos, tendo seu auge entre os anos de 400 e 800 d.C. Confesso que deu pena pagar os 15U$ de entrada, pois sei que esse dinheiro não é destinado aos descendentes maias que hoje em dia muitos vivem em lixões e em condições extremas de pobreza. Toda a região turística tem ótimos serviços e altos preços, inclusive a melhor estrada que pedalei em Honduras, construída pela Queiroz Galvão – com financiamento do BNDES? Talvez.

[ESP]
El objetivo deste pedaleo fue alcanzar el occidente hondureño y conocer las ruínas de Copán. Patrimonio mundial de la UNESCO, una ciudad construida y ocupada por los Mayas por más de 2000 años, con los logros más grandes mientras 400 y 800 d.C. Me dio pena pagar 15U$ en el boleto de entrada, pues sé que este dinero no es destinado a los descendientes mayas que hoy en día muchos viven en basureros y condiciones extremas de pobreza. Toda la región turística tiene ótimos servicios y altos precios, inclusive la mejor carretera que pedaleé en Honduras, Contruída por Queiroz Galvão – empresa brasileña posiblemente involucrada en casos de corrupción  de financiamiento del BNDES.

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[POR]
Os Maias configuram uma das civilizações mais misteriosas de toda América. Com vestígios de mais de 3000 anos de existência, eles desenvolveram o calendário de 365 dias, interpretaram os astros, inventaram o chocolate e desenvolveram grandes cidades que imitavam paisagens naturais, sendo as pirâmides montanhas, as praças lagos, os portais cavernas, e seus governantes árvores, onde criaram um verdadeiro jardim de reis. As ruínas de Copán são conhecidas pela alta qualidade na elaboração das peças artísticas, bem como o maior hieróglifo da América, em formato de uma gigante escalinata, que conta a história da realeza copanesca. Nessa cidade chegaram a viver 28.000 pessoas.

Nos próximos dias cruzo à Guatemala e continuo a pedalada entre lagos e vulcões, desvendando os mistérios maias e aprendendo com a gente local. Obrigado a todos os amigos e leitores por acompanhar os relatos, acessem o canal do YOUTUBE também, para conhecer os relatos em diferente perspectiva. Não deixe de acompanhar o instagram e facebook que toda semana publico novas pensatas. Vamos pedalar, pois há muitas terras que conhecer em América.

[ESP]
Los Mayas son una de las civilizaciones más misteriosas de toda América. Con vestígios de más de 3000 años de existencia, ellos desarrollaron el calendario de 365 días, interpretaron astros, inventaron el chocolate y desarrollaron grandes ciudades replicando elementos de la naturaleza: Las pirámides como cerros, las plazas como lagos, los portales como cuevas, y sus gobernantes como árboles, donde crearon un verdadero jardín de reyes. Las ruínas Copán son conocidas por la alta calidad en la elaboración de piezas de arte, bien como el más grande jeroglífico de America, en formato de una gigante escalinata, que cuenta con la história de la realeza copanesca. En esta ciudad llegó haber 28.000 personas viviendo.

Los próximos días cruzo a Guatemala y continuo el pedaleo entre lagos y volcanes, conociendo los misterios mayas y aprendiendo con la gente local. Gracias a todos los amigos lectores por acompañar los diários, accedan al canal YOUTUBE también para conocer los diários en diferente perspectiva. No dejes de acompañar el instagram y facebook que toda semana hago publicaciones. Bamos pedalear, pues hay muchas tierras que conocer en America.

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Cicloviagem LatAm | Vamos arrancar!!!

O ano de 2019 começa quente nas latitudes ao sul do planeta. Já estou preparado para voar à América Central e continuar essa expedição. Em meados de outubro de 2018 fiz uma pausa e estive compartilhando meu tempo com a família e amigos na minha cidade natal, São Paulo, Brasil.

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Durante esse tempo no Brasil, trabalhei para solidificar meus planos, conseguindo vistos e papéis importantes para cruzar fronteiras. O trabalho mais importante, no entanto, foi feito com grandes profissionais na área do jornalismo. Através de um esforço conjunto, colaboramos para enriquecer meus relatos e mostrar a muito mais pessoas as grandes vantagens de se viver de maneira sustentável e com saúde. Conhecer o mundo ao passo humano é uma tarefa que exige humildade e determinação, e o que me move é estar em contato com pessoas extraordinárias que ensinam outros pontos de vista.

Abaixo, os leitores e amigos podem conferir duas entrevistas ilustradas concedidas ao importante canal Bike é Legal. Obrigado Renata Falzoni e equipe pela ótima montagem, direção e tratamento. Além do suporte com a manutenção da bicicleta.

Algumas matérias escritas também ficaram muito boas. O jornalista Daniel Santos Filho escreveu ótimo material à revista Bicicleta, além de todo apoio e suporte na divulgação do projeto aos meios de comunicação. A jornalista Bárbara Therrie relatou para UOL Viagem um impressionante conto desses 3 anos de viagem, com histórias inéditas nunca antes publicadas.

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Fiquem ligados nas redes sociais, YouTube e no blog pois pretendo lançar muito material de qualidade esse ano. Muito obrigado a todos os leitores que sempre acompanham e torcem pelo sucesso dessa jornada.

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Cicloviagem LatAm | Novidades no ar!

Queridos amigos e leitores,

Primeiramente venho agradecer por acompanhar e estar presente nesses 3 anos. Compartilhar com vocês as experiências que tenho vivido é um trabalho árduo porém muito recompensador, principalmente porque a América Latina é uma terra pouco abordada na língua portuguesa, e percebo como os amigos se impressionam ao saber das belezas naturais e oportunidades sociais e econômicas que nossos países vizinhos dispõem.

Em dezembro de 2018 eu tive a oportunidade de voltar do Panamá a São Paulo, Brasil para matar as saudades da família e estar com os amigos. Estou aproveitando o tempo para divulgar esse trabalho e contar um pouco das experiências vividas. A Revista Planeta, veículo de comunicação de nível nacional que atua há mais de 40 anos no Brasil gravou uma entrevista ao vivo, a qual deixo disponível abaixo:

Em 2019 a cicloviagem continua, vamos seguir pelas estradas e trilhas desde o Panamá até o norte do continente americano. Essa viagem cruzará muitas fronteiras e novos mistérios e costumes se apresentarão. Os oceanos Pacífico e Atlântico estarão mais unidos do que nunca, no meio de tudo isso montanhas, vulcões e desertos serão os desafios físicos e mentais a serem vencidos.

Desde 2016 eu venho empenhado em passar o máximo da experiência de forma a incentivar as pessoas a seguir seus sonhos, pensar de maneira criativa e perceber que o mundo e suas oportunidades vão muito além do que imaginamos. Dessa maneira em 2019 vou produzir, além dos relatos no blog e as redes socias, um novo canal no youtube. Inscreva-se e acompanhe essa pedalada aos confins da América!

Deixo abaixo o primeiro vídeo do canal, onde mostro aos amigos da América como é pedalar por São Paulo, a maior cidade da América do Sul, e também um pouco da nossa abundante e Mata Atlântica:

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Cicloviagem LatAm | Trecho 16#: Cali, Vale de Cauca, Colômbia – Puerto Lindo, Colon, Panamá

*Artículo traducido al español [ESP]

[POR]
No dia 5 de abril de 2018 voltei a montar minha bicicleta trás um mês e meio de mochilão em pleno inverno na Alemanha, Suécia, Noruega, Marrocos e Espanha. Devo dizer que voltando à Colombia eu estava atordoado com as noites mal-dormidas nos terminais aeroportuários, estações de trem e ônibus. Tudo que  queria era pedalar até um lugar tranquilo e relaxar ao ritmo da natureza.

[ESP]
En el día 5 de abril de 2018 volví a pedalear trás mes y medio de mochilar en pleno invierno en Alemania, Suecia, Noruega, Marruecos y España. Debo decir que volviendo a Colombia estaba cansado de las noches mal-dormidas en los aeropuertos, estaciones de bus y tren. Todo que deseaba era irme al campo y disfrutar la pura naturaleza.

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[POR]
Seguindo pelo maravilhoso vale do rio Cauca, decidi tomar uma rota difícil do ponto de vista do esforço físico. Na altura de Pereira marchei rumo a cordilheira mais ocidental da Colômbia para cruzar ao Choco, e conhecer a inexplorada selva do Daríen.

A provincia do Choco é a que contém menos estradas e com menor estrutura social. A grande maioria da população é negra e indígena, vivem de atividades agrícolas e pescaria. A região faz o litoral pacífico da Colômbia e alberga a floresta do Daríen, que é a zona mais chuvosa do mundo, com fortes pancadas de chuva quase todos os dias do ano. Os vales pantanosos e a mata extremamente densa torna complicada a construção de estradas, e aparte da estrada Pereira – Quibdo – Medellin, todo o transporte pela maior província da Colômbia é fluvial.

Pode-se viajar desde Quibdo, capital do Choco, pelo caudaloso rio Atrato até o Golfo de Urabá, e de aí Panama em lanchas. A região nos dias de hoje vive muita inestabilidade política, e pelo difícil acesso facilita a instalação e guerrilhas e bandas criminosas que operam o tráfico de cocaína para a América do Norte. O solo é riquíssimo em ouro, e há muitos brasileiros investindo no precioso metal. Se instalam na selva pacífica da Colômbia e constroem dragas em uma técnica de extração nada sustentável para o ecossistema da região.

A opção mais segura para um ciclista viajante era voltar a estrada rumando El Carmen de Atrato e depois Medellín. A cordilheira dos Andes, a maior cadeia montanhosa do mundo, se divide em três vales na altura da Colômbia e isso faz muito difícil mover-se do oeste ao leste, pois é necessário enfrentar verdadeiras muralhas que chegam a mais de 4000 m.s.n.m.

[ESP]
Seguindo por el maravilloso valle del río Cauca, decidí pedalear por carreteras secundárias. Cerca de Pereira, en Risaralda, marché rumbo a la cordillera más occidental de Colombia para llegar al Choco, y conocer la poco explorada selva del Dárien.

La província del Choco es la que contiene menos carreteras y con peor estructura social. Casi toda la población vive de la siembra y pesca, y son de etnía negra y indígena. La región tiene la costa pacífica de Colombia y alberga la selva del Daríen, que es la zona con más lluvia del mundo, con fuertes tempestades casi todos los días. Los valles pantanosos y la selva muy densa hace difícil la construción de carreteras, y aparte de la vía Pereira – Quibdo – Medellín, todo el transporte en la más grande província de Colombia es por barcos.

Se puede viajar desde Quibdo, capital del Choco, por el caudaloso río Atrato hacia el Golfo de Urabá, y de ahí hacia Panamá por lanchas. La región en los días de hoy vive mucha inestabilidad política, y por el difícil acesso, es la base de operaciones para guerrillas y pandillas que operan el narcotrafico hacia América del Norte. El suelo es riquísimo en oro, en la zona hay muchos brasileños invirtiendo en el precioso metal. Se instalan en la selva pacífica de Colombia y construyen dragas en un proceso de extracción nada sostenible para el ecossistema.

La opción más segura para un ciclista viajero es volver a la carretera rumbando El Carmen de Atrato y después Medellín. La cordillera de los Andes, la más grande cadena de montañas del mundo, parte en tres valles en la altura de Colombia. Eso hace muy duro moverse del oeste al leste, pues es preciso trepar verdaderas murallas que llegan hasta 4000 m.s.n.m.

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[POR]
Medellín é segunda maior metropole da Colômbia e destino certo na minha rota. Desde o início da viagem que eu queria conhecer a lendária Casa del Ciclista. Manuel Velasquez tem uma linda casa nas montanhas a 12km de Medellín, e há quase 10 anos recebe cicloviajantes. O projeto da Casa de Ciclistas consiste em um intercâmbio onde o viajante hospedado paga o custo de alojamento através de um trabalho voluntário para melhoria do projeto. Antes o lugar para os ciclistas descansarem era uma garagem coberta ao lado dos porcos, que criava para incrementar a renda familiar. Hoje em día Manuel tem a melhor bicicletaria de Medellin e a casa de ciclistas conta com livros, mesas, sofás, mais de 7 camas, ducha, banheiro, cozinha, wifi e quando estive lá estreamos o novo forno de barro da casa. Minha contribuição, além das tarefas de limpeza e manutenção do lar, foi cementar e pintar um muro de 20 metros da casa. Em uma parte de 4 metros Manuel me deu a oportunidade de fazer um grafite.

[ESP]
Medellín es la segunda más grande ciudad de Colombia y destino cierto en mi ruta. Desde el princípio del viaje queria conocer la legendária Casa del Ciclista. Manuel Velasquez tiene una linda casa en los cerros a 12km de Medellín, hace casi 10 años recibe cicloviajeros. El proyecto de la Casa del Ciclista es un intercambio cultural donde el viajero alojado paga el costo de su estadía con un trabajo voluntário para mejorar el proyecto. Antes el lugar de descanso para los ciclistas era un techo al lado de los chanchos, que tenía para solventar la rienda familiar. Hoy en día Manuel posé la mejor bicicleteria de Medellin y la Casa del Ciclista cuenta con livros, mesas, sillones, más de siete camas, ducha, baño, cocina, wifi y cuando estuve allá estrenamos el nuevo horno chileno hecho en adobe. Mi contribuición, aparte de las tareas cotidianas de limpieza y mantenimiento, fue cementar y pintar una pared de 20 metros dentro de su terreno. En una franja de 4 metro de la pared Manuel me dió a oportunidad de hacer una pintura artística.

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[POR]
A casa estava sempre cheia nas três semanas que viví aí. Nos dias de semana todos trabalhávamos por 4 horas e o resto do tempo era para descansar, ler e desenvolver trabalhos pessoais. Nos fins de semana nos juntávamos e saímos ao centro de Medellín. Fiquei impressionado com uma cidade tão amistosa, o respeito aos ciclistas faz peladar em grandes ruas e avenidas um passeio. Grande parte das pessoas na cidade praticam o ciclismo, é comum em toda Colômbia pedalar ao lado de atletas e transeuntes, aliado a isso, a cidade é cheia de parques e ambientes de lazer. Cada saída era uma nova descoberta em meio ao grande centro urbano.

Após um bom descanso e aprender novas habilidades, resolvi seguir minha marcha ao norte. Rasguei as montanhas de Medalho rumo a linda cidade colonial Santa Fé de Antioquia, e aí a última travessia pela Cordilheiras dos Andes rumo ao Golfo de Urabá, já no mar Caribe.

[ESP]
La casa estaba siempre llena en las tres semanas que pasé ahí. De lunes a viernes todos trabajamos 4 horas y el resto del tiempo podíamos descansa, leer, charlar y desarrollar nuestros trabajos personales. En los fines de semana nos juntábamos y ibamos a pedalear el centro de Medellin. Me impresioné con una ciudad tan amigable, el respeto a los ciclistas hace pedalear por grandes avenidas un paseo. Gran parte de la población hacen ciclismo y es común por toda Colombia pedalear al lado de atletas, trabajadores y turistas, ademas, la ciudad está llena de parques y áreas de recreación.

Despues de un duen descanso y aprender nuevas perícias, resolvi seguir mi marcha rumbo al norte. Corté los cerros de Medallo rumbo el hermoso pueblo de Santa Fé de Antioquia, y de ahí  la última travessia por la Cordillera de los Andes con destino al Golfo de Urabá, ya en el Caribe.

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[POR]
Devo dizer que fiquei extasiado com esse recorrido, a linda paisagem de Yunga (floresta úmida) aliado à emoção de serem as últimas montanhas andinas, que venho conhecendo desde 2016 e já atravessei mais de 5 vezes passando por Chile, Bolívia, Perú e Ecuador, além da Colômbia.

Não foi fácil despedir-se dos Andes. Subidas terríveis desde o vale do grandioso rio Cauca que novamente encontrei depois de vencer a cunha de Medellín, me fizeram suar, e a última subida de 80km demorei 3 dias para completar, sendo que um dia fiz apenas 18km de “empurrada”. Todo o cansaço desapareceu quando ví o sol apontar o mar Caribe e constatei que só é possível avançar mais ao norte se eu tomar um barco ao Panamá.

O Golfo de Urabá margeia a selva do Daríen e marca a separação definitiva entre América do Sul e Central. Para moverse na região somente de barco e à base de facão em mata fechada. Desde Necoclí ou Turbo é possível tomar uma série de lanchas rumo ao Panamá, porém eu estava extasiado com a paisagem litorânea e resolvi seguir por estradas 300km a nordeste rumo a Cartagena.

No percurso descobri que toda esta zona (golfo de Urabá – Bolivar) é controlada e administrada por um grupo paramilitar que se auto-denomina “a companhia de segurança”. Nos povoados não se vê a presença da polícia ou exército nacional, como é recorrente em grande parte do país. Os estabelecimentos comerciais pagam uma taxa mensal chamada “gaula” para poder operar, e inclusive em algumas estradas homens com roupas de civis me abordavam fazendo perguntas e alegando serem a lei. Ao que entendi esta companhia resguarda e opera o transporte de produtos ilegais, além de “zelar” pela segurança da população. Não tive problemas com esse pessoal e pedalei em ritmo acelerado à “La Fantastica” Cartagena.

[ESP]
Debo decir que quedé maravillado con este recorrido, el lindo paisaje de Yunga (bosques húmedos) aliado a emoción de pedalear por el último tramo en la cordillera andina, que vengo cruzando desde 2016 y ya atravesé más de cinco veces por Chile, Bolívia, Perú y Ecuador, ademas de Colombia.

No fue fácil despedirse de los Andes. Trepadas terribles desde el grande valle del río Cauca hicieron sudar, y la última trepada de 80km llevé tres días para coronar, en uno destes días haciendo solamente 18km de “empujada”. Todo el cansancio desapareció cuando he visto el sol apuntar el mar Caribe, y constaté que solo podría avanzar más al norte por vía marítima. 

El Golfo de Urabá margea la selva del Daríen y marca la separación definitiva entre América del Sur y Central. La sierra del Darién hace muy complejo la construcción de carreteras, aliado a fuertes tormentas y pantanos alagados, Para moverse por la zona solamente en barcos y con machetes en la selva muy densa. Desde Necoclí o Turbo es posible tomar lanchas rumbo a Panamá, pero yo estaba muy contento por pedalear en Colombia y decidí seguir por carreteras 300km a nordeste rumbo a Cartagena.

En el camino descubrí que toda la región (golfo de Urabá – Bolivar) es controlada y administrada por un grupo paramilitar que dice ser “la empresa de seguridad”. En los pueblos no se encuentra la policía o el ejército, como es común en casi todas partes de Colombia. Las viviendas de negocios pagan una tasa llamada “gaula” para poder funcionar, y en algunas carreteras que pasé hombres con ropas civis me paraban diciendo ser la ley de la zona. Lo que comprendí es que es esta “empresa” cuida del transporte de productos ilegales, además de “protejer” la población. No tuve problemas con esta gente e seguí en ritmo acelerado a “La Fantástica” Cartagena.  

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[POR]
Cartagena de Índias, província de Bolivar, é uma cidade colonial conquistada e fundada em 1533 pelos espanhóis. Realmente o seu centro histórico é dos mais bonitos do mundo. Os modernos edifícios e avenidas dos bairros de Boca Grande e Manga contrastam com as muralhas e edificações coloniais muito bem restauradas e mantidas no bairro Getsemani. Localizada em um porto seguro na costa atlântica de Colômbia, a região chamou atenção dos espanhóis devido aos habitantes nativos Zenú, peritos agricultores, ourives e metalúrgicos. Desde seus binóculos na primeira década dos anos 1500, os europeus puderam admirar transeuntes caminhando com lindos e grandes adornos de ouro e prata puro, ostentando as riquezas minerais encontradas na zona. Só depois de muito sangue e luta é que a invasão se tornou conquista, e a coroa espanhola investiu muito dinheiro para fortificar a privilegiada zona e inibir ataques de piratas franceses e ingleses, além dos índios.

A cidade tem um movimento cultural muito forte devido a sua condição de porto. Pessoas de todos os lugares do mundo trazem a cidade novos costumes, música e arte, há 500 anos! Nos dias de hoje é um destino muito frequentado por mochileiros e mochileiras, nos albergues econômicos pode-se encontrar músicos, artesões e artistas de todas partes. Por 10 dias trabalhei no Nahimara Hostel, onde fiz muitas amizades, participei de festas e pude desenvolver alguns trabalhos artísticos.

[ESP]
Cartagena de Indias, província de Bolivar, es una ciudad colonial conquistada y fundada en 1533 por los españoles. Realmente su centro histórico es de los más lindos del mundo. Las modernas edificaciones y avenidas de los barrios de Manga y Boca Grande hacen el contraste con las murallas y construcciones coloniales muy bien restauradas y mantenidas del barrio de Getsemani. Ubicada en un puerto seguro en la costa atlantica de Colombia, la región llamó la atención de los europeos debido a los habitantes nativos Zenú, peritos agricultores, orfebres y mineros. Desde sus lunetas en los primeros años del siglo XVI los españoles miraron la población en una ciudatela muy bien estruturada, y las mujeres caminaban con grandes aretes y joyas en oro y plata. Solo despues de mucha sangre y lucha es que la invasión se cambió en conquista, y la corona española invertió mucho dinero para fortificar y protejer esta zona, de manera a dificultar la invasión de piratas ingleses, franceses, además de los mismos índios ya casi todos exterminados.

La ciudad tiene un movimiento cultural muy fuerte debido a su condición de puerto. Personas de todos lugares del mundo traen a la ciudad nuevos costumbres, música y arte, hace 500 años! En los días de hoy es un destino muy conocido por mochileros y mochileras, en los hostales más económicos puedes encontrar musicos, artesanos y artistas de todas las partes. Por 10 días trabajé en el hostel Nahimara, donde hice muchas amistades, participé de fiestas y pudo desarrollar trabajos artísticos.

187

[POR]
Os veleiros que navegam a Panamá saem da marina de Manga, em Cartagena. De todas as maneiras, eu sentia que devia conhecer um pouco mais da costa colombiana. Decidi fazer uma viagem de ida e volta até a provincia da Guajira, extremo norte da Colômbia e ponto mais alto do continente sulamericano.

No lindo museu histórico de Santa Marta pude observar peças de ouro originais da época indígena (povos Zenú e Tayrona 900-1400 dC), além de aprender um pouco sobre a história do Libertador Simón Bolivar, que destronou os espanhóis em Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia, antes de ser traído por seus próprios aliados.

[ESP]
Los veleros que navegan a Panamá salen de la marina de Manga, en Cartagena. De todas maneras yo sentía que debía conocer más de la costa colombiana. Decidí hacer un viaje hacia la província de la Guarija, extremo norte del continente sulamericano. 

En el lindo museo histórico de Santa Marta pudo observar piezas de oro originales de los indígenas Tayrona y Zenú (900-1400 dC), ademas de aprender acerca de la históra del Libertador Simón Bolivar, que destronó los españoles en Venezuela, Colombia, Perú y Bolivia, antes de ser traicionado por sus próprios aliados. 

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[POR]
Notei o litoral colombiano um pouco perigoso. Há uma grande diferença entre as camadas sociais e muita droga nas ruas. Os ingredientes perfeitos para um alto índice de criminalidade. Em 10 dias percorri algo como 460KM em ida e volta, conheci algumas praias, vi de longe a Serra Nevada e o Parque Nacional do Tayrona. Em lugares turísticos as estruturas são muito boas, como por exemplo o maravilhoso centro histórico de Santa Marta, porém é somente afastar-se poucos quilômetros para começar a ver muita pobreza e precariedade. Uma situação que ví somente em Brasil, em março de 2017 quando viajei pelo centro-oeste e norte do país.

[ESP]
Noté la costa de Colombia peligrosa. Hay una gran diferencia en las clases sociales y mucha droga en las calles. Los ingredientes perfectos para alta criminalidad. En 10 días recorrí 460km en ida y vuelta, conocí algunas playas, he visto de lejos la Sierra Nevada y el Parque Nacional de Tayora. En lugares turísticos las estructuras son muy buenas, como a ejemplo el maravilloso centro histórico de Santa Marta, pero es solo alejarse unos pocos kilómetros para comenzar mirar mucha suciedad y descaso. Una situación que solamente he visto en Brasil, en marzo de 2017 cuando viajé por el centro-oeste y norte del país.

189

[POR]
Para cumprir meu objetivo de ir à América Central em barco, voltei à Cartagena ao mesmo Hostel Nahimara. Em 5 dias trabalhei um pouco, encontrei velhos e novos amigos e um barco para levar-me ao Panama, através do arquipélago de San Blas.

Essa é uma rota turística muito transitada, a viagem de 6 dias incluí quatro refeições diárias, 3 festas em ilhas caribenhas, snorkeling e praias paradisíacas. O valor é de U$550 por pessoa, e apesar de muito salgado pro meu módico orçamento de U$150 ao mês, decidi investir minhas economias, pois essa é a maneira mais confortável e bonita de chegar à Panama.

[ESP]
Para cumplir mi objetivo de irse a América Central en barco, volví a Cartagena al mismo hostel Nahimara. En 5 días trabajé un poco encontré viejos y nuevos amigos, y ubiqué un barco para llevarme al Panamá, através del arquipélago San Blas.

Esta es una ruta turística muy transitada, el viaje de 6 días incluí quatro comidas diárias, 3 fiestas en islas caribeñas, snorkeling y playas paradisiacas. El valor es de U$550 por persona, y apesar de muy caro para mi bajo presupuesto de de U$150 al mes, decidí invertir mis economias, pues esa es la manera más confortable y bonita de llegar a Panamá.

190

[POR]
O arquipélago de San Blas é um conjunto de ilhas localizado entre Colômbia e Panamá no mar Caribe. É uma região independente administrada pelo governo Kuna Yala. As ilhas são propriedades hereditárias dos indigenas nativos, há muitos anos eles pescam, cuidam das praias limpando os mangues e plantando de coqueiros. Para visitar San Blas é necessário pagar 20U$ para os índios Kuna. É proibida a venda de ilhas à estrangeiros e os únicos habitantes residentes são nativos ou casados com nativos, que só podem sair das ilhas com autorização de seu congresso.

Experiência inesquecível essa travessia. Pela primeira vez pratiquei snorkelling e remo stand-up, em praias pra lá de paradisíacas. O veleiro Sovereign Grace transportava 25 pessoas em rítimo de festa. Dormi em um confortável quarto e desfrutei de deliciosos pescados e ceviches.

Durante a viagem contei sobre o projeto de pedalar por América, e mostrei aos tripulantes e passageiros o trabalho de documentação fotográfica que venho realizando nos últimos 2 anos e 10 meses. Fiz amizade com o Capitão, que me indicou a um trabalho na marina Linton Bay da província de Cólon.

[ESP]
El arquipélago de San Blas es un conjunto de islas ubicado entre Colombia y Panama en el Mar Caribe. Es una región independiente administrada por el gobierno Kuna Yala. Las islas son propriedades hereditarias de los indígenas nativos, hace muchos años ellos pescan, cuidan las playas limpiando los manglares y sembrando coqueros. Para visitar San Blas es necesário pagar U$20 para los índios Kuna. Es proibida la venta de islas a extranjeros y los únicos habitantes residentes son nativos o casados con nativos, que solo pueden salir de las islas con autorización de su congresso.

Experiencia inolvidable esa travesia. Por la primera vez pratiqué snorkeling y remo stand-up, en playas muy hermosas. El velero Sovereign Grace llevaba 25 personas en ritmo de fiesta. Dormi en una confortable habitación y disfruté deliciosos pescados y ceviches.

Durante el viaje conté acerca de mi proyecto de pedalear por América, Y mostré a la tripulación el trabajo de documentación fotográfica que vengo haciendo en los últimos 2 años y 10 meses. Hice amistad con el Capitan, que me indicó a un trabajo en la marina Linton Bay, província de Colón.

191

[POR]
No dia 6 de Julho de 2018 comecei a trabalhar na construção do barco-hotel Coconut Island de 66 pés, casco e estrutura de alumínio. Um novo mundo se vislumbrou literalmente da noite para o dia. Trabalhando pelo menos 60 horas semanais estou aprendendo sobre construção em alumínio, carpintaria, pintura química, acabamento, motores à diesel. entre diversas atividades de manutenção e limpeza.

O Panamá que já foi uma provincia colombiana, é hoje em dia um país independente que recebe muito investimento estrangeiro, principalmente norte-americano. A moeda “Balboa” é na verdade o mesmo o dólar. Assim como no Equador, aqui se paga e se recebe em dólares americanos. O salário mínimo gira na casa dos U$700 ao mês, mas é um país de muita desigualdade social, onde as estruturas públicas de educação, cultura e lazer estão abandonadas. Em algumas regiões se concentram vultuosos investimentos privados, principalmente relacionados à área marina e bancária, visto que o Canal do Panamá é passagem oficial de todos barcos comerciais que atravessam do atlântico ao pacífico.

[ESP]
En el día 6 de júlio de 2018 comenzé a trabajar en la construcíon del barco-hotel Coconut Island, con sus 66 piés, casco y estrutura de alumínio. Conocí un nuevo mundo de la noche para el día. Trabajando por lo menos 60 horas semanales estube aprendiendo acerca de construcción en alumínio, carpinteria, pintura química, acabamento, motores a diesel, entre muchas actividades de manutención y limpieza.

El Panamá que ya fue una província colombiana, es hoy en día un país independiente que recibe muchos invertimentos extranjeros, principalmente norte-americano. La moneda “Balboa”es en la verdad el mismo dólar. Así como en el Ecuador, aqui se paga y se recibe en dólares americanos. El sueldo mínimo es de U$700 al mes, pero es un país con muchísima desigualdad social, donde las estructuras públicas de educación, cultura y lazer están abandonadas. En algunas regiones se concentran grandes invertimentos privados, principalmente relacionados à area marina y bancária, visto que el Canal de Panamá es pasaje oficial de todos los barcos comerciales que atravesan del atlántico al pacífico.

192

[POR]
Em 3 meses de trabalho aprendi muito e recuperei o investimento de viajar nesses últimos 2 anos e 10 meses. O sonho de descobrir os povos de nossa América Latina continua, no bimestre de agosto-setembro 2018 a Revista Planeta (edição 543) publicou uma entrevista de seis páginas e 20 fotos minhas sobre o recorrido de 20.000km na América do Sul por 8 países. A revista está nas bancas e pode ser adquirida em qualquer lugar do país, um grande orgulho.

Obrigado amigo leitor por acompanhar o diário. Fique atento no facebook e instagram @avidavirouumrisco para acompanhar as últimas novidades, e navegue pelo blog para conhecer mistérios, paisagens e costumes de uma rica América!

[ESP]
En tres meses de trabajo aprendí mucho y recuperé el invertimento de viajar en estes 2 años y 10 meses. El sueño de descubrir los pueblos de nuestra américa Latina continua, en el bimestre agosto-septiembre 2018 la Revista Planeta (Edición 543) publicó una entrevista de seis páginas y 20 fotos acerca del recorrido de 20.000km por América del Sur por 8 países. La revista está en venta en todo el Brasil, un grande orgullo.

Gracias al amigo lector por acompañar este diário. Queda atento al facebook y instagram @avidavirouumrisco para acompañar las últimas novedades, y navegue por el blog para conocer los mistérios, paisajes y costumbres de una rica América!

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Artigo especial: Mochilas e botas no mundo!

*Artículo traducido al español

[POR]
Em este artigo vou compartilhar com vocês o registro de viagens que realizei com Mariana entre 2012-2018, e que de certo me inspira em muito para estar viajando América Latina em bicicleta desde 2016. Mariana, minha grande companheira nestes últimos cinco anos, já é velha conhecida dos amigos leitores: juntos pedalamos pelo Vale Europeu em sul de Brasil e mochilamos por Bolívia em 2016, em 2017 a Mari pedalou 1.500KMs no centro-oeste do Brasil comigo e durante minha passagem por Peru visitamos juntos as ruínas de Machu-Pichu.

[ESP]
En este artículo voy compartir con ustedes el registro de viajes que realicé con Mariana mientras 2012-2018, cierto que estas aventuras inspiran a mi estar recorriendo América Latina en bicicleta desde 2016. Mariana, mi gran compañera destes cinco últimos años, ya es vieja conocida de los amigos lectores: juntos pedaleamos por el Valle Europeu en sur de Brasil y viajamos por Bolívia en 2016, en 2017 Mari recorrió por 1.500KMs en bicicleta a mi lado, y durante mi pasaje por Perú visitamos juntos las ruínas de Machu-Pichu.

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Cicloviagem LatAm | Trecho 15#: Quito, Ecuador. – Cali, Colômbia

*Artículo traducido al español

[POR]
O caminho à Colômbia foi feito em companhia. Desde o centro-oeste brasileiro – primeiro trimestre de 2017 – que eu viajava sempre solitário, assim que estar entre amigos foi uma ótima experiência. Na Casa de Ciclistas de Quito fiz muitas amizades e pude compartilhar e comer com outros trotamundos.

No dia 22 de janeiro de 2018 saímos para pedalar em seis pernas. Murilo e eu seguimos viajando até o sul de Colômbia, já com o amigo colombiano Raul pedalamos somente por três dias.

[ESP]
El camino a Colombia fue hecho en compañía. Desde el centro-oeste brasileño – primer trimestre de 2017 – que viajaba solo, así que estar entre amigos fue una buena experiencia. En la Casa de Ciclistas de Quito he hecho muchas amistades y pudo compartir y comer con otros trotamundos.

En 22 de enero 2018 salimos a pedalear en tres personas. Murilo y yo seguimos viaje hacia el sur de Colombia, y con el “parcero” Raul pedaleamos tres dias.

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[POR]
Murilo e eu buscamos sempre evitar a movimentadíssima estrada Panamericana, devido ao alto tráfego de carros e poucos pontos de interesse. Depois de Ibarra, tomamos um caminho de estradas secundárias que nos levou ao parque natural “El Angel”, província de Carchi. Subidas infernais nos conduziram a mais de 3600 metros sobre o nível do mar, e pela primeira vez testemunhamos o ecossistema do Páramo. É uma zona de alta umidade, as plantas da região tem a característica de absorver a água do ar e filtrá-la para a terra. Dessa forma o solo é altamente barroso e fértil, o que propicia o desenvolvimento da densa vegetação. A planta mais emblemática desse ecossistema é o Frailejon, pois somente existe nessa parte dos andes – norte do Equador, sul de Colômbia e nas serras de Mérida em Venezuela.

[ESP]
Murilo y yo buscamos siempre evitar la carretera Panamericana, debido al harto trafego de carros y pocos puntos de interés. Después de Ibarra, seguimos un camino secundario que llevó al parque natural “El Angel”, en la provincia de Carchi. Trepadas infernales condujeron a más de 3600 metros sobre el nivel del mar, y por la primera vez conocimos el ecosistema del Páramo. Es una zona de mucha humedad, las plantas tienen la característica de absorver el agua del aire y filtrar para la tierra. Así, el suelo es muy barroso, y fértil, desarrollando una vegetación muy densa. La planta más conocida deste ecosistema es el Frailejon, pues solo existe en esta parte de los andes – norte de Ecuador, sur de Colombia y en las sierras de Merida en Venezuela.

159

[POR]
Depois de muita lama e água, voltamos à Panamericana rumo a Tulcan para cruzar a fronteira rodoviária à Colômbia. A alfândega é um verdadeiro caos devido à grandíssima quantidade de venezuelanos tentando cruzar ao Equador. Nos dias de hoje a Venezuela vive uma grande crise, o salário mínimo lá está por volta de 4U$ ao mês. Já no Equador o salário mínimo varia de 300-370U$, assim que muitas pessoas vêem como única opção para sustentar suas famílias, migrar ao país vizinho.

Graças a ajuda de Oscar, Judith e Laura, – uma família colombiana que vive na fronteiriça cidade de Ipiales e recebe ciclistas em sua casa – deixamos os equipamentos já na Colômbia, e só no outro dia voltamos para realizar os trâmites migratórios. É verdade que notamos os colombianos um povo muito hospitaleiro, e à semelhança dos brasileiros, oferecem comida em abundância e gostam de aprender sobre as diferenças culturais.

Com dois amigos, fomos conhecer a basílica católica Las Lajas. Construída – entre 1916 e 1949 – a 100m de altura sobre o rio Guaítara, é considerada uma das mais lindas igrejas do mundo. Não somente pelo peculiar estilo gótico, mas também por sua localização estratégica, que une dois cânions.

[ESP]
Después de mucho barro y agua, volvimos à Panamericana rumbo Tulcan para el cruce de a Colombia. La oficina de migraciones es una gran confusión debido a gran cantidad de venezuelanos intentando llegar a Ecuador. En los dias de hoy Venezuela vive una gran crisis, el sueldo mínimo está cerca de 4U$ al mes. Ya en Ecuador, el sueldo mínimo esta como 300-370U$, así que muchas personas migran al país vecino para sustentar sus familias.

Gracias a ayuda de Oscar, Judith y Laura – una familia colombiana que vive en Ipiales y recibe ciclistas en su casa – dejamos los equipos en Colombia, y solo en el otro día volvimos para hacer los trámites de migración. Es verdad que notamos los colombianos una gente muy acogedora, y así como los brasileños, ofrecen comida en abundancia y les gusta aprender acerca de nuevas costumbres.

Con dos amigos, nos fuimos conocer la basílica católica Las Lajas. Construida – entre 1916 y 1949 – a 100m de altura sobre el rio Guaítara, es considerada una de las mas lindas iglesias del mundo. No solamente por su estilo gótico, pero tambiién por su ubicación, que une dos cañones.

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[POR]
Por estradas secundárias, Murilo e eu seguimos pedalando por Colômbia. Aproveitamos o fato de estar em companhia para dividir tarefas, e assim realizar atividades cotidianas com mais agilidade. Murilo sugeriu que fizessemos um trekking à cratera do vulcão Azufral, e depois de 4h de caminhada por florestas úmidas e páramo, chegamos a praticamente 4000m.s.n.m. e pudemos admirar um ecossistema muito peculiar, além da lagoa verde – com essa coloração devido aos gases de enxofre – que “tampa” a cratera do vulcão adormecido.

[ESP]
Por carreteras secundarias, Murilo y yo seguimos pedaleo por Colombia. Aprovechamos estar en equipo para compartir actividades cotidianas, y así realizar tareas con más rapidez. Murilo sugirió que hiciéramos un trekking al cráter del vulcan Azufral, y después de 4h de caminata por selva húmeda y páramo, llegamos a casi 4000m.s.n.m. y pudimos admirar un ecosistema muy peculiar, ademas de la laguna verde – con este color debido a los gases de azufre – que “tapa” el cráter del adormecido vulcan.

161

[POR]
Depois de praticamente 3 semanas pedalando juntos, Murilo e eu estávamos com o relacionamento desgastado. Estar 24h por dia 7x por semana com o companheiro às vezes pode ser estressante. Uma viagem à propulsão humana depende do ritmo físico e mental do indivíduo, assim que decidimos seguir nossos caminhos separados, de forma que cada um siga aproveitando a viagem em seu ritmo.

Pedalando rumo o oriente de Colômbia, me esperava a temida estrada que liga montanhas andinas às pampas amazônicas do rio Putumayo. De Sibundoy, começa a chamada via “trampolim da morte” que em tortuosos quilômetros leva até o rio Putumayo, que em suas águas se chega ao grande Amazonas e desagua no oceano Atlântico, há mais de 4.000km de distância.

Passando por abismos, cascatas de água límpida e selvas úmidas esse é o caminho que percorreu Hérnan Perez Quesada – no século XVI – com 270 soldados, 200 cavalos e 10 indígenas que guiaram as tropas espanholas rumo à invasão do sul oriental. Em 1835 essa rota era usada por mercadores para transitar produtos amazônicos – como a borracha, taguá e quina -, já que ao passar Mocoa, é possível navegar até Belém do Pará, no Brasil, e atingir o litoral atlântico. Em 1932, essa rota foi usada pelas tropas colombianas na guerra contra o Peru, de forma a flanquear os inimigos pelo oriente.

Na virada do século XXI, a estrada continua a ter um transito sombrio. Na década de 90 os únicos que trafegavam sem problemas na região eram guerrilheiros e traficantes de cocaína – segundo artigo no jornal El Tiempo. Aproveitando-se do caminho estratégico, usam a rota para escoar a produção da droga desde a amazônia a outros países e ao oceano Pacífico. Talvez por isso eu notei uma fortíssima presença militar na região, em todas as pontes ou miradouros havia um destacamento fortemente armado.

Entretanto eu não tive nenhum problema em meu passo, e pude tranquilamente apreciar o estupendo caminho, cercado por floresta de Yunga, muito úmido e muitas nascentes de água. O clima de páramo – que vai de 3.000-4.500m.s.n.m. -, se encontra quase 365 dias do ano entre nuvens, suas plantas absorvem a água, e os charques e lagoas formados nas alturas propiciam o desenvolvimento de uma densa floresta – a 1.600-2.800 m.s.n.m. – de árvores grossas, solo barroso e muitas fontes de água pura.

[ESP]
Después de casi 3 semanas pedaleando juntos, Murilo y yo estábamos con el relacionamiento lastimado. Estar 24h por día, 7 veces por semana con el compañero as veces puede ser estresante. Un viaje a propulsión humana depende del ritmo físico y mental del individuo, así que decidimos seguir el camino en separado, de manera que uno siga aprovechando el viaje a su ritmo.

Pedaleando rumbo el oriente de Colombia, me esperaba la mal dicha carretera que une las montañas andinas a las pampas amazônicas del rio Putumayo. De Sibundoy, empieza la llamada “trampolín de la muerte”. En tortuosos quilómetros lleva hacia el rio Putumayo, que en sus aguas llega hasta el gran Amazonas y desagua en el oceano Atlantico, lejos más de 4.000km.

Pasando por abismos, cascatas de agua pura y selvas húmedas este es el camino que hizo Hérnan Perez Quesada – en el siglo XVI – con 270 soldados, 200 caballos y 10 indígenas que guiaron las tropas de España rumbo à invasão del sur oriental. En 1835 esta ruta era muy usada por mercadores para traer productos amazónicos -como el caucho, tagua y quina -, ya que al pasar Mocoa, es posible navegar hasta Belen del Pará, en Brasil, y llegar en la costa atlántica. En 1932, esta ruta fue usada por tropas colombianas en la guerra contra Perú.

En el cambio del siglo XX para XXI, la carretera sigue con su trafego sombrio. En la década de 90 los únicos que andaban por la región sin problemas eran guerrilleros y cocaleros – según artigo en el periódico El Tiempo. Aprovechando el camino estratégico, usan la ruta para escoar la producción de cocaína desde las Amazonas a otros países y oceano Pacífico. Talvez por este motivo yo sentí fuerte presencia militar en la región, en todos los puentes o miradores había un destacamento armado.

Todavia yo no tuve problemas en mi paso, y pudo tranquilamente apreciar el hermoso camino, cercado por selva de Yunga, muy húmeda y muchos chorros de água limpia. El clima de páramo – que vá de 3.000-4.500m.s.n.m.-, se encuentra casi 365 del año dentro de nieblas, sus plantas absorben el agua, y los alagados y lagunas formados en las alturas permiten el desarrollo de una densa selva – a 1.600-2.800 m.s.n.m. – de gruesos árboles, suelo barroso y muchas fuentes de água límpida.

162

[POR]
Chegar em Mocoa, Putumayo, Colômbia – no dia 8/2/2018 – foi como um prêmio. Depois de passar mais de 3 meses no clima quente e paradisíaco do litoral equatoriano, eu estava desde o dia 10 de janeiro pedalando pelas montanhas, passando por temperaturas frias, e algumas vezes até negativas. A capital do Putumayo fica a 800m.s.n.m., e o ecossistema alto amazônico de rios caudalosos e densa vegetação, faz da região um forno.

Um aroma peculiar invade os campos e cidades na Colômbia: é a marihuana. Seu uso é cultural, e não somente em forma de fumo, mas é muito comum a venda de pomadas e outros produtos medicinais derivados da erva. De todas maneiras, subidas intermináveis me aguardavam. Pelo norte, era hora de voltar ao ocidente, já que meu destino era Cali, a capital mundial do ritmo Salsa.

Decidi seguir a estrada que corta o Parque Natural Nacional do Puracê. Mais uma vez em um clima de florestas de Yunga e páramo, de úmida vegetação e subidas fortíssimas. Eu acreditava que seria uma estrada solitária com acampamentos selvagens e sem presença humana, já que nos 60km que cortam o parque não há povoados, casas nem atividade agropecuária. Somente a natureza.

Por volta das 17h eu já estava buscando um local para acampamento quando percebi que tinha vizinhos. Ao me virar de costas, encontrei um militar empunhando um fuzil. Ele educadamente me pergunta sobre a viagem, e nos fazemos amigos. Mais tarde ele volta me convida a jantar com seus companheiros no acampamento militar, situado à alguns metros escondido na mata.

[ESP]
Llegar en Mocoa, Putumayo, Colombia – en el 8/2/2018 – fue como un premio. Después de pasar más de tres meses en el cálido clima de la costa ecuatoriana, yo estaba desde el 10 de enero pedaleando por las montañas, pasando por temperaturas frías, y as veces negativas. La capital del Putumayo queda a 800m.s.n.m., y el ecosistema alto-amazónico de ríos caudalosos y densa vegetación, hace de la región una hornalla.

Un aroma muy raro invade los campos y ciudades de Colombia: es la marihuana. Su uso es cultural, y no solamente en fumo, sino también en pomadas y otros productos de medicina natural. De todas maneras, trepadas interminables esperaban. Por el norte, yo debía seguir al ocidente, ya que mi destino es Cali, la capital mundial del ritmo Salsa.

Decidí seguir la carretera que cruza el Parque Natural Nacional del Puracé. Mas una vez en un clima de selva de Yunga y paáramo, de húmeda vegetación y trepadas muy fuertes. Yo creía que seria una carretera sola, con campamentos salvajes y sin la presencia humana, ya que en los 60km que cortan el parque no hay pueblos, casas y atividade agropecuária. Solamente naturaleza.

Las 17h yo ya estaba buscando donde acampar cuando noté habían vecinos. Al virarme de espaldas, encontré un militar empuñando un rifle. El educadamente preguntame acerca del viaje, y nos hacemos amigos. Mas tarde el regressa y invita a cenar con sus compañeros en el campamento militar, escondido algunos metros adentro en la selva.

163

[POR]
Os sete militares no acampamento ficaram muito entusiasmados com a minha visita. Seu trabalho é internar-se por 6 meses dentro da floresta, e através de trilhas movimentar-se pela região e assegurar a segurança. Assim como eu, eles levam sua casa nas costas, cozinham em um fogareiro à gasolina e tem seus equipamentos de camping, além do armamento pesado.

Segundo os amigos, nos dias de hoje a região é tranquila e não há confrontos armados. Devo dizer que fiquei um tanto assustado com esse encontro, de todas as formas fui muito bem tratado e além da janta, me convidaram para o café-da-mañha no outro dia e ainda me apoiaram com 1,5kg de arroz e 200g de sardinha.

As subidas terminaram no páramo, e a partir de lá foi pura descida à cidade branca de Popayan. No centro histórico, todos estabelecimentos são pintados de cor branca, o que dá um aspecto muito interessante à cidade. Já no vale do rio Cauca, uma grande descida me aguardava nos 140km até Cali.

Através da rede social Warmshowers conseguí um grande apoio na cidade de Cali. O amigo Jose Arango me recebeu em sua casa e aceitou guardar meus equipamentos por um mês e meio. Um inesperado e grato acontecimento me obrigou a estacionar a bicicleta, e partir rumo a nova aventura.

Somente no dia 3 de abril é que volto a andar de bicicleta pelas américas, obrigado aos leitores por sempre acompanhar as publicações e nos vemos em breve com muitas boas novidades.

[ESP]
Los siete militares en el campamento quedaron muy contentos con mi visita. Su trabajo es internarse 6 meses en la selva, y por senderos caminar por la zona y garantizar la seguridad. Así como yo, ellos llevan su casa en las espaldas, cocinan en una estufa a gasolina y tienen sus equipos de camping, ademas del armamento pesado.

Según los amigos, en los días de hoy la zona es muy tranquila y no hay confrontos armados. Debo decir que quedé assustado con el encontro, aún que me trataron muy bien y además de la cena, me invitaron el desayuno en el otro día y aportaron 1,5kg de arroz y 200g de sardina para llevar.

Las trepadas terminaron en el páramo, y desde allá fue pura bajada a la ciudad blanca de Popayan. En el centro histórico, todas las viviendas son pintadas en color blanco, lo que da una sensación muy interessante. Ya en el valle del rio Cauca, una gran bajada me esperaba en los 140km hacia Cali.

Por la red social Warmshowers logré un gran apoyo en la ciudad de Cali. El amigo Jose Arango me recibió en su casa y aceptó guardar mis equipajes por un mes y medio. Un inesperado y bueno acontecimiento me obligó a parquear la bici, y partir rumbo nueva aventura.

Solamente el 3 de abril es que volvo a pedalear por las américas, gracias a los lectores por siempre acompañar el diário y nos vemos lueguito con buenas novedades.

 

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Cicloviagem LatAm | Trecho 14#: Guayaquil, Guayas, Ecuador – Quito, Pichincha, Ecuador.

*Artículo traducido al español

[POR]
O percurso foi, diferentemente dos outros trechos da viagem, feito com muitas paradas. Muito descanso e um pouco de trabalho também. O Equador é um dos menores países que atravessei, entretanto sua gente e seus lugares o fazem imenso em boas experiências.

[ESP]
El percurso fue, diferentemente de los otros tramos del viaje, echo con muchas paradas. Mucho descanso y un poco de trabajo también. El Ecuador es un de los más pequeños países que atravesé, todavia su gente y sus lugares lo hacen inmenso en buenas experiencias.

153

[POR]
Guayaquil é a maior cidade do pequeno país, e posso dizer que me impressionei com sua estrutura. Desde Porto Alegre, no sul do Brasil, que não conhecia uma cidade tão grande. Atravessar em bicicleta essa imensidão de concreto, imensos prédios e boa quantidade de fabricas em sua periferia foi uma tarefa um tanto estressante, somente aliviada quando na saída da cidade, pedalei por uma ótima ciclovia de 60km de extensão. A maior que já conheci.

O caminho até Montañita, Sta. Elena foi de puro desfrute. Aproveitei para conhecer as praias, em um desvio por caminhos de terra pude testemunhar ondas perfeitas em Puerto Engabao. Chegando na turística cidade de Salinas, já na província de Sta. Elena, fiz bons amigos. Fiquei quatro dias hospedado na casa de uma família equatoriana e em um passeio à ponta mais ocidental do Equador avistei pela primeira vez lobos-marinhos em seu habitat natural.

Voltar à região do litoral depois de um ano e meio realmente me fez bem – desde Torres, RS, Brasil que não via o oceano -, os equatorianos são muito receptivos à pessoas de outros lugares, o que me permitiu fazer muitos amigos. Para fechar com chave de ouro, 40km depois de Salinas, acabei por acampar em uma pista de Parapente, e os pilotos ao saberem que eu vinha pedalando mais de 12 mil quilômetros para conhecer o Equador, não duvidaram em me convidar para fazer um voo pelo borde da praia de San Pedro. Uma experiência inesquecível.

[ESP]
Guayaquil es la más grande ciudad del pequeño país, y puedo decir que me impresioné con su estructura. Desde Porto Alegre, en el sur de Brasil, que no conocía una ciudad tan grande. Atravesar en bici esta infinitud de concreto, inmensos edifícios y buena cantidad de fabricas fue una tarea un molesta. Solo mejoró cuando en la saída de la ciudad, pedaleé por una óptima ciclovia de 60km de extensión. La más grande que conocí.

El camino hacia Montañita, Sta. Elena fue de puro disfrute. Aproveché a conocer las playas, en uno desvio por caminos de tierra yo fue testigo de olas perfectas en Puerto Engabao. Llegando en la turística ciudad de Salinas, ya en la província de Sta. Elena, hizo buenos amigos. Me quedé cuatro días hospedado en la casa de una familia ecuatoriana y en un paseo a punta más ocidental del Ecuador avisté por la primera vez lobos-marinos en su habitat natural.

Volver a la costa después de un año y medio me hizo muy bien – desde Torres, RS, Brasil que no miraba el oceano -, los ecuatorianos son muy receptivos a personas de otros lugares, lo que me permitió hacer muchos amigos. Y lo mejor: 40km después de Salinas, acampé en una pista de Parapente, y los pilotos al conocieren mi história no dudaron en invitarme para hacer un vuelo a las orillas de la playa de San Pedro. Una experiencia inolvidable.

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[POR]
Ao chegar em Montañita, a turística cidade surfista, já tinha a intenção de encontrar um lugar para descansar até o fim do ano. Desde que saí pedalando de minha casa em janeiro de 2016 eu nunca parei mais de um mês em mesmo lugar. O ótimo clima tropical, mar quente de boas ondas e a vibra jovial da região fazem dessa zona um lugar perfeito para recuperar o fôlego da pedalada.

Volunturismo: forma de turismo baseada na troca de trabalho por hospedagem e alimentação. 4 a 6 horas diárias, 5 ou 6 dias por semana.

Praticar o volunturismo me pareceu uma ótima maneira de parar um período longo e ainda sim não gastar minhas economias. Em Montañita essa prática é muito comum entre os viajantes, e no primeiro hostel, me aceitaram como voluntário.

Para manter os custos de lazer e alimentação, eu fazia trabalhos extras. Buscar gente no terminal de ônibus para hospedarse no hostel, e dar aulas de surf – pratiquei surf em toda minha juventude -, eram algumas atividades. O problema foi que ao longo de duas semanas voluntariando, o dono do hostel passou a abusar. Sem dias de descanso, horas extras sem pagamento e o pior, já não queria pagarme as comissões que devia. Em um momento que le cobrei fui ameaçado, dessa forma que não tinha outra opção além de amarrar meus pertences na bicicleta e seguir o caminho.

A região toda tem muitas praias e há turismo em quase todas, dessa forma eu logo conseguí voluntariado na praia de Olon, onde por uma semana aprendi muito sobre jardinagem.

20km mais adiante conheci o lugar onde finalmente descansei para o fim de ano. Em Ayampe, lugar de ondas perfeitas e constantes, consegui um voluntariado no hotel “El Campito Art Lodge”, onde me prestaram uma cabana muito confortável e privada, além de cozinha, água e lavanderia, em troca de 3h de trabalho 6x por semana. Dei aulas de inglês para crianças, realizei alguns trabalhos infográficos para o hotel e um cartaz para uma escola de surf. Isso me permitiu viver dois meses sem gastar minhas economias, surfando todos os dias e ótima alimentação.

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[ESP]
Al llegar en Montañita, la turística ciudad surfista, ya tenía la intención de encontrar un sítio para descansar hasta en fin de año. Desde que salí pedaleando de mi casa en enero de 2016 nunca paré más que un mes en lo mismo lugar. El hermoso clima tropical, mar caliente de buenas olas y la vibra playera de la región hacen de la zona un lugar perfecto para recuperar el cansancio de la pedaleada.

Volunturismo: forma de turismo basada en el cambio de trabajo por alojamiento y alimentación. 4 a 6 horas diarias, 5 o 6 dias por semana.

Practicar el volunturismo me pareció una buena manera de descansar un largo período y no gastar mis economias. En Montañita esta practica es muy comun entre los viajeros, así que en el primer hostel me aceptaron como voluntario.

Para mantener los costos de lazer y alimentación, yo hacia trabajos extras. Jalar gente en el terminal de bus para alojarse en el hostel, y dar clases de sur – surfeé toda mi juventud -, eran algunas de las actividades. El problema es que al largo de dos semanas voluntariando, el dueño del hostel estaba abusando. Sin dias libres, horas extras sin pago y lo peor, ya no quería pagarme las comisiones que debía. En un momento que le cobré fue amenazado, desta forma no había otra opción que amarrar mis perteneces en la bici y marchar.

La región tiene muchas playas y hay turismo en casi todas, así que luego logré voluntariado en la playa de Olon, donde por una semana aprendí mucho acerca de jardinería.

20km más adelante conocí el lugar donde finalmente descansé para el fin de año. En Ayampe, sítio de olas perfectas y constantes, logré un voluntariado en el hotel “El Campito Art Lodge”, donde me prestaron una cabaña muy confortable y privada, además de cocina, água y lavandería, en troca de 3h de trabajo 6x a la semana. Di clases de inglés para niños, realicé algunos trabajos infográficos para el hotel y un cartel para una escuela de sur. Esto me permitió viver dos meses sin gastar mis economias, surfeando todos los días y con buena alimentación.

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[POR]
O clima paradisíaco e as ondas perfeitas faziam cada dia espetacular, aliado a isso fiz muitos amigos e tive a incrível oportunidade de reencontrar pessoas, inclusive um amigo da juventude que não via há quase 10 anos. Ver o Bruno e por o papo de uma década em dia foi uma experiência única, nos fez pensar nossas ações passadas e avaliar os resultados. Um exercício muito bacana que me deu ânsia de viver o presente com o máximo de dedicação, para que no futuro possa novamente colher ótimos frutos.

Outro reencontro muito esperado foi a chegada de Murilo, um amigo que me recebeu em sua casa em março de 2016, no sul do Brasil, e que há seis meses está viajando pelo continente em bicicleta também. Murilo chegou justo para as comemorações de natal e ano novo, e passamos lindo recordando histórias e momentos épicos sobre duas rodas.

Na comemoração do ano novo notei uma tradição muito diferente: no dia 26 de dezembro as pessoas fazem bonecos de papelão de tamanho humano, e os colocam em frente a suas casas com uma caixa pedindo moedas para “o velho”. No dia 31/12 se recolhe esse dinheiro para comprar bebidas, e na virada do ano as pessoas jogam os bonecos na rua e ateiam fogo, simbolizando a morte do velho ano.

[ESP]
El clima paradisíaco y las olas perfectas hacían cada día espectacular, hizo muchos amigos también y tuve la increíble oportunidad de reencontrar personas, incluso un amigo de la juventud que no veía hace casi 10 años. Ver Bruno y hablar acerca de esta década fue una experiencia única, nos hizo pensar nuestras acciones pasadas y evaluar los resultados. Un exercício muy bueno que dio ganas de vivir el presente con el máximo de dedicación, para que en el futuro pueda novamente cosechar buenos frutos.

Otro reencontro muy esperado fue la llegada de Murilo, un amigo que me recibió en su casa marzo de 2016, en sur de Brasil, y que hace 6 meses está viajando por el continente en bicicleta también. Murilo llegó justo para las fiestas de navidad y año nuevo, y pasamos lindo recordando anedoctas y momentos épicos en dos ruedas.

En las fiestas de nuevo año noté una tradición muy rara: en el día 26 de diciembre las personas hacen muñecos de cartón en tamaño humano, y los ponen en frente a sus viviendas con una caja pedindo plata para “el viejo”. En el día 31/12 se colecta este dinero para comprar bebidas, y en el nuevo año las personas arrojan los muñecos en la calle y los queman, simbolizando la muerte del viejo año.

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[POR]
Para quem “mora andando” como eu, sempre chega a hora de seguir, assim que três dias após a partida de Murilo, no dia 3 de janeiro de 2018 atei meus equipamentos na bike e girei o pédivela. Era hora de subir o monte rumo às cordilheiras de Quito, em uma pedalada de 10 dias que vai de 0 a 4000 metros sobre o nível do mar.

Me esperava um trecho difícil, com uma incrível mudança paisagística e climática. A todo vapor fiz o caminho dos vulcões, passando por visuais dramáticos, sofrendo um pouco com as temperaturas negativas e altitude.

[ESP]
Para un nómada siempre llega el momento de seguir, así que tres días después de Murilo, en el 3 de enero de 2018 amarré mis equipos en la bici y giré la vela. Era momento de subir el monte rumbo las cordilleras de Quito, en un pedaleo de 10 días que varia de 0 a 4000 metros sobre el nível del mar.

Me esperaba un tramo duro, con un increíble cambio paisagístico y climático. A todo vapor yo hizo el camino de los volcanes, pasando por visuales dramáticos, sufriendo con las temperaturas negativas y altitud.

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[POR]
Pela primeira vez na vida eu pude olhar dentro de um vulcão. A laguna Quilotoa se formou na cratera de 9km de extensão e 250m de profundidade resultado de uma erupção há cerca de 800 anos atrás. Estudos afirmam que a lava chegou a atingir o litoral do oceano pacífico, há 200km de distância em linha reta. O emblemático vulcão Cotopaxi só ví de longe, já que quando entrei no Parque Nacional fui recebido por uma chuva de granizo e a neblina impedia a vista de alcançar o monte com seus mais de 5.800 m.s.n.m.

Em Quito, me dirigí à lendária Casa de Ciclistas de Tumbaco, comandada por Santiago Lara, que há mais de 25 anos recebe solidariamente ciclistas viajantes de todas partes do mundo. Em 1992, quando trabalhava em uma bicicletaria, Santiago se deparou pela primeira vez com um ciclista japonês que estava viajando de bicicleta, o convidou para sua casa e desde então não param de chegar ciclistas de todo o mundo. Naquela época eram uma a três pessoas ao ano, já hoje em dia chega a receber 200 ciclistas em um ano. Um intercâmbio fantástico que permite a troca de muitas experiências e incentiva o cicloturismo.

Não posso deixar de mencionar outro incrível reencontro: meus amigos italianos que viajam de bicicleta em família também estão em Quito, e aproveitamos para comemorar juntos 2 anos de viagem pelo continente, já que começamos a aventura no mesmo dia – eles em Ushuaia, Argentina e eu em São Paulo, Brasil.

Em linhas gerais eu vejo o Equador como um proeminente país de grandes obras viais, a qualidade de vida das pessoas é muito superior ao que encontrei no Peru, e em muitos lugares do Brasil. Todas as cidades que conheci tem parques públicos com áreas de lazer acessíveis aos cidadãos, e a saúde é grátis e parece funcionar de maneira rápida e eficiente. O turismo me pareceu muito bem estabelecido, e notei que todos ganham sua fatia. Desde os grande empresários donos de hotéis e agências, as pessoas mais simples que vendem corviche e salgadinhos na rua e até os viajantes como eu que vendem seus trabalhos e artesanatos para seguir viagem.

Obrigado a todos os leitores por estar sempre interagindo e compartilhando. Sigo firme rumo à Colombia, onde a meta de 2018 é atingir o Caribe e prepararme para cruzar em barco à Panama.

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Por la primera vez en mi vida pudo mirar adentro de un vulcan. La laguna Quilotoa se formó en la cratera de 9km de extensión y 250m de profundidad resultado de una erupción hace cerca de 800 años atrás. Estudios dicen que los flujos volcánicos llegaron a costa del oceano pacífico, ubicado a 200km en línea recta. El emblemático vulcan Cotopaxi solo miré desde lejos, ya que cuando entré en el Parque Nacional fue recibido por una lluvia de hielo y las nieblas no me dejaron ver el monte de más de 5.8000 m.s.n.m.

En Quito, me dirigí a la legendária Casa de Ciclistas de Tumbaco, comandada por Santiago Lara, que hace más de 25 años recibe solidariamente ciclistas viajeros desde todas partes del mundo. En 1992, cuando trabajaba en una bicicleteria, Santiago se deparó por la primera vez con un ciclista de Japón que viajaba el mundo en bicicleta, lo convidó a su casa y desde entonces no paran de llegar ciclistas viajeros desde todos los puntos del globo. En aquel tiempo eran una o dos personas al año, ya hoy día llega a recibir 200 ciclistas en un único año. Uno intercambio fabuloso que permite la troca de experiencia y incentiva el cicloturismo.

No puedo dejar de mencionar otro increíble reencontro: mis amigos italianos que viajan en bici también están en Quito, y aprovechamos para comemorar 2 años de viaje por el continente, ya que empezamos la aventura en el mismo día – ellos en Ushuaia, Argentina y yo en São Paulo, Brasil.

De manera general yo veo el Ecuador como un país de avanzadas obras viales, la calidad de vida de las personas es muy superior al que encontré en Perú y en muchos sítios de Brasil. Todas las ciudades que conocí tienen parques públicos con áreas de lazer accesibles a los ciudadanos, y la salud es grátis y parece funcionar de manera rápida y eficiente. El turismo me pareció muy bien estabelecido, y noté que todos ganan su parcela. Desde los grandes empresários dueños de hotéles y agencias, las personas más simples que vienden corviches y facturas en la calle y hasta los viajeros como yo que venden sus trabajos y artesanias para seguir el viaje.

Gracias a todos los lectores por estar siempre interactuando y compartindo. Sigo firme rumbo Colombia, donde la recta de 2018 es llegar al Caribe y cruzar en barco a Panama.

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A vida virou um risco. Dois anos na estrada!

*Texto por Paula Faria, editado por Luis Antônio

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A princípio, viajar pode parecer simplesmente lazer, luxo ou um passatempo, no entanto, arrumar as malas e partir rumo ao desconhecido vai muito além disso. Está relacionado à relevância que damos às experiências vividas ao longo de nossa vida, à reconhecer que os problemas não são exclusivos do país ou cidade em que vivemos, à aprender a respeitar mais as pessoas e suas diferenças, à lidar com contratempos e, o mais importante, propicia um auto-conhecimento muito grande, resgatando nossas referências e expondo novas perspectivas de nós mesmos e do mundo.

É neste contexto que está inserido Luis Antonio Botelho da Cunha, 25 anos, desenhista industrial, que tem vivido a maravilhosa experiência de viajar pela América Latina com apenas alguns pertences amarrados em uma bicicleta.

Sua aventura começou há cerca de dois anos, quando se deparou com um mercado de trabalho difícil, uma vida sem muitas perspectivas e uma oportunidade incrível de fazer essa viagem e realizar seu sonho de conhecer a América Latina. Luis abraçou a oportunidade e, desde então, tem colecionado novos aprendizados e percepções a respeito da vida.

Saiu de São Paulo em 2016, passou por diversas cidades e lindas paisagens do Brasil, avançou pelo Uruguay onde foi se familiarizando com o espanhol, cruzou Argentina de leste à oeste pelas pampas e montanhas, pedalou o deserto do Atacama no Chile, conheceu os impressionantes contrastes paisagísticos e sociais na Bolívia, regressou ao Brasil pelo centro-oeste e em 2017 pedalando por Rondônia e Acre chegou ao Peru, país que recorreu de ponta a ponta pelas montanhas e vales amazônicos. Hoje, encontra-se no Equador, fazendo uma parada mais longa, trabalhando na praia Montañita, Santa Elena e aproveitando para descansar e se preparar para a próxima aventura: em 2018 conhecer o caribe e chegar nas cidades maias e astecas de Guatemala e México.

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As mudanças em seu comportamento foram desde as mais simples, como aprender a cozinhar, viver com poucos objetos e cuidar das próprias roupas, coisa que nunca necessitou fazer enquanto ainda morava na casa de seus pais, até as mais complexas, como o fato de confiar nas pessoas, ser mais responsável, tomar decisões difíceis e ser autossuficiente, ganhando e guardando seu próprio dinheiro, que utiliza para manter seus gastos durante a viagem e também para projetos futuros.

São incontáveis as experiências marcantes que foram vividas por Luis, mas, segundo ele, a mais desafiadora e emocionante foi a que obteve ao atravessar o Deserto do Atacama, o deserto mais seco do mundo. Estar viajando sozinho, através de um meio de transporte como a bicicleta, enfrentando variações exorbitantes de temperatura e terrenos difíceis, com poucos momentos de descanso e muita vulnerabilidade, propiciou momentos de introspecção, de conhecimento da própria essência e solucionou problemas internos. O viajante gosta de lembrar que “aprendi que nós passamos por experiências marcantes todos os dias, porém por termos uma vida confortável e estarmos acostumados com pequenos luxos – água encanada, eletricidade, banho quente, máquina de lavar, restaurantes -, acabamos não dando importância a essas experiências, mas devemos ser atentos a valorizar os aprendizados e sermos felizes com o que a vida nos proporciona”.

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Para ele, não importa o meio de transporte que decidirmos utilizar, o fundamental é viajar. Sair é, muitas vezes, a melhor forma de nos encontrarmos. Nos tira da bolha em que vivemos, nos torna menos preconceituosos, nos leva para muito além de nossa zona de conforto e faz com que nos sintamos capazes de realizar qualquer sonho e ultrapassar qualquer barreira. Por isso, incentiva todos ao redor do mundo a realizarem uma viagem como essa, através de seu blog (www.umrisco.wordpress.com) conta suas experiências de cicloviagem, justamente para que haja um intercâmbio de conhecimento. “Seria interessante se todos passassem por essa ‘faculdade de conhecimentos’, pois encaro a viagem exatamente dessa forma: como um investimento na própria sabedoria e na qualidade de vida”.

A história do Luis é, certamente, muito inspiradora e especial. E pode se tornar a sua, basta você desejar. Há ainda um caminho longo a ser percorrido por ele e muitas diferentes realidades o esperam, para que obtenha mais ensinamentos e histórias para contar. Quem quiser acompanhar sua trajetória, basta acessar os sites: http://www.umrisco.wordpress.com, http://www.fb.com/umrisco e http://www.instagram.com/avidavirouumrisco, onde encontrarão lindas fotos e descrições detalhadas a respeito de todos os lugares que já esteve ao longo dos dois últimos anos. Espero que essa história tenha tido o poder de despertar em todos os leitores essa vontade de explorar o mundo à nossa volta e a si mesmo, conseguindo com isso a evolução que tanto buscamos.

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